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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Trago, chimarrão e churrasco

      

 
          Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha foi como ficou conhecida a revolução ou guerra regional, de caráter republicano, contra o governo do Brasil, na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, e que resultou na declaração de independência da província como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense. Estendeu-se de 20 de setembro de 1835 a 1 de março de 1845.

Fonte: wikipédia




           Aqui no Rio Grande do Sul, nem mesmo temos tempo de sentirmos o efeito da ressaca do trago e churrasco degustados nos pavilhões da Expointer. Já emendamos, direto, com o Acampamento Farroupilha aqui da capital, que se materializa, com todas as suas potências, no Parque  da Harmonia, tradicional reduto de lazer porto-alegrense. A grande concentração de cavalos, homens de bombacha e prendas faceiras no local é, na verdade, um pré-aquecimento para o evento máximo comemorado pelos gaúchos, a Semana Farroupilha, de 14 a 20 de setembro.
           Não chego ao ponto de afirmar que menosprezo a cultura e tradição do Estado Federativo em que nasci. Admiro a alegria e descontração presentes nesses eventos festivos e até gosto de certos cantores tradicionalistas como Gildo de Freitas, Teixeirinha e Gaúcho da Fronteira. Da mesma forma, acho o chimarrão uma bebida quente bastante apreciável, que tem a propriedade de agregar e congratular pessoas em rodas de prosas. Quanto ao trago,  aprecio uma boa cerva gelada, tipo Bavaria Premium,  sempre tendo o cuidado de nunca dirigir quando bebo.
         O que considero um problema é que quando chegam  os finais de agostos, em contrapartida, formam-se no solo rio-grandense rastros vermelhos de carnificina, desde os pastos verdejantes da campanha, às cidades urbanizadas, cheias de CTG’s e churrascarias. Para alguém como eu, que há mais de uma década vêm abolindo a carne da minha dieta, torna-se um tanto quanto revoltante ver os animais serem impunemente oprimidos e sacrificados em grande escala nessa época.

          Num primeiro instante, no circo de horrores da Expointer, os bichos transformam-se em moeda de troca e artigo de consumo, em nome do agronegócio. Tão logo a tradicional feira, que nesse ano bateu recorde de visitação, acaba, vêm as comemorações gauchescas da revolução farrapa, regadas com o sangue de muito, mas muito boi, porco, galinha, cordeiro etc. e tal. Sinto- me pois, dessa maneira, envergonhado de ser gaúcho durante esses tenebrosos dias.
           Faço dessa postagem um desabafo em memória às centenas e centenas de criaturas abatidas com violência para o prazer de paladares exigentes. É o sul do país encharcando de sangue inocente o próprio solo onde pisam os seus filhos.
           Que chegue logo a primavera, à vinte e dois de setembro, pois aí sim encontrarei motivo para festejar.

 CTG's- sociedades civis sem fins lucrativos, que buscam divulgar as tradições e o 
              folclore da cultura gaúcha.

                                                                Cesar S. Farias





Um comentário:

vendedor de ilusão disse...

Olá Cesar!
É de pôr inveja ver essa gente entusiasmada na manutenção das tradições gaúchas, - mormente na semana farroupilha. Nem parece que estamos no Brasil.
Parabéns pelo post! Abraço.