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sábado, 23 de junho de 2018

Vida de cachorro





           Conta-se que, certa vez, um rapaz gay entrou em loja para comprar uma cadela. Ele viu uma linda, por R$ 3 mil, a mais cara da loja, e resolveu comprá-la. No ato do pagamento, disse a vendedora que aquela seria a cadela mais linda e rica do mundo!
          Levou o animalzinho para casa e mandou fazer uma coleira banhada a ouro, com pedras e diamantes, com seu novo nome escrito: Pink. Vivia dando banhos nela com os melhores produtos do mundo e a enchia de perfumes, talcos, e até pó-de-arroz. E ela pensava: “Puxa vida, se sou cachorro, por que não posso ter cheiro de cachorro?”
        Ele vivia colocando nela vestidos cor-de-rosa com brilhantes, pulseiras, e, quando chovia, a vestia com capa de borracha, lenço na cabeça e botas; e a coitadinha morria de vergonha de sair assim na rua! Nunca a deixava solta, e ela pensava: “Puxa, isso não é jeito de cachorro andar, e cachorro precisa correr!”
      Conta-se que até em concurso de cães ela a levava e que disse que iria furar a orelha dela, para colocar brincos. Vê se pode!
       Então ela pensou: “Puxa vida, quem sabe esse tempo todo eu estou pensando que sou cachorro, mas não sou?...” Foi então que ela percebeu que estava ficando maluca com a vida que estava levando. Então, num dia em que ele abriu a porta para uma visita entrar, ela fugiu. Hoje, está morando na rua, sem conforto e às vezes sem ter o que comer, mas feliz do jeito que é.

                                                                
                                                 Danielle de Lima Oliveira (autora juvenil)

                                                                                   


 Fonte: Coletânea Literária do Instituto Popular de Arte-Educação e Biblioteca Leverdogil de Freitas                 Edição 2006- Editora IPDAE           

Um comentário:

Elvira Carvalho disse...

Nem sempre aquilo que consideramos o melhor, é o melhor para os outros.
Abraço