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sábado, 4 de agosto de 2018

O conto da vasectomia


            
              Minhas recentes férias do trabalho renderam mais esse. Felizmente, a inspiração continua, queiram ou não os críticos.



             “Cavalo amarrado também pasta”.
           
             Foi apoiada nessa máxima popular, típica das raparigas, que ela cedeu aos galanteios daquele homem casado. Valtinho, é bem verdade, era um predador nato, tinha o dom da conquista e a lábia certa. Sua fungada no cangote era mortal, paralisava. Quando falava no ouvidinho, baixinho, então, nem se fala. Arrepiava a mulher do cócix até a medula.
           Ela cedeu á ele. Cedeu-se por inteira e sem reservas. Aproveitou tudo o que pôde daquele potro aceso, faiscante, amarrado à sua cerca. Gertrudes tinha, na época, pouco mais de vinte anos o que, parcialmente, justifica a sua leviandade.

          -- Vem, minha eguinha fogosa... Olha só, isqueci di pegá camisinha na farmácia hoji. Mas fica tranquila qui não vai tê problema nenhum. Eu não tinha ainda ti falado...  Eu fiz vasectomia...

            Logo no início do romance, Valtinho saiu-se com essa. E ela? Inacreditavelmente acreditou. Convenceu-se que daquele mato não saía mais coelho. O desfecho? Nove meses depois, no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas veio o fofo do Otávio.
         Caiu, é fato, no conto da vasectomia. Daquele mato ainda saía coelho sim, que o diga Gertrudes.

                                                                                               Cesar

Um comentário:

Elvira Carvalho disse...

Mulher muito crédula a Gertrudes.
Abraço