Comentar a Série Encantados, projeto concebido, batalhado e concretizado pela Patrícia, autora de ímpar capacidade criativa, ativa-me sentimentos antagônicos que remetem-me aos primórdios da elaboração dessa obra. Se, por um lado, me sinto um tanto envergonhado pela preguiça que impediu-me de resenhar antes esse episódio piloto da série, virando a moeda, fico honrado em ter sido um dia convidado pela autora a participar dessa ousada e ambiciosa empreitada. Considero de uma admirável coragem, alguém conduzir narrativas distintas entre si, em formato de novelas, ao longo de um extenso número de capítulos. Somente uma escritora centrada em suas metas artísticas consegue apresentar aos leitores uma opção de entretenimento literário como essa. Na época do convite, um dos fatores que mais inclinou-me a olhar com bons olhos o projeto, foi a abrasileirada proposta de se fazer literatura fantástica com elementos do nosso folclore e sobrenatural. Por que, de fato, precisamos ficar reverenciando as lendas e costumes do outro lado do Oceano Atlântico, se bem aqui, em nossa cultura, possuímos uma gama de personagens e entidades místicas que aguçam a curiosidade, temor e devoção de todos nós?
Em “Encantados”, o amplo sincronismo entre elementos da Umbanda e fábulas dos quatro continentes, repletas de samurais, guardiões e demônios inclementes, é marcante e permeia todos os episódios de estréia da série. Patrícia faz uma justa homenagem à religiosidade que compões o vasto panteão de deuses e semideuses presentes na tradição popular desde tempos ancestrais, em grande parte inspirada na mitologia africana.
Foi ela novamente, a preguiça, quem impediu-me de naquela época conceber uma história que se encaixasse no contexto sugerido por Pat. Dedutivamente, isso me faz crer que um contista como eu é, na verdade, um escritor preguiçoso que se nega a trabalhar em extensos e intermináveis textos. Quando me deparo frente a criações de tal envergadura, verdadeiras sagas, não me resta outra reação a não ser maravilhar-me e aplaudir, em atitude de reconhecimento a quem de fato trabalha e extravasa em linhas o seu universo criativo.
A autora constrói as tramas com tal mistério e adrenalina, que o leitor sente de fato curiosidade de acompanhar a seqüência inteira, seduzido pela dinâmica das histórias. A luta entre a luz e as trevas pontua majestosamente todas as novelas que compõe a obra, numa ode à coragem, a determinação, a disciplina e a força. Força que move os braços de todos os guerreiros que defendem com ímpeto as causas que acreditam. Peculiarmente, chamou-se a atenção tamanha desenvoltura com que ela extrai da luta bem X mal, enigmas nos quais os personagens, somente a longo prazo, revelam o time em que jogam. Isso acontece, marcantemente, em “Raptores”, onde homens e feras misturam-se e repelem-se demonstrando apenas parcialmente as suas verdadeiras intenções. Mesmo não explicitamente, a mensagem otimista e revigorante é uma característica perceptível aos olhares mais atentos, entre os quais, sem falsa modéstia, coloco-me eu. Histórias de superações, mesmo as mais fantásticas e fictícias, têm o dom de inspirarem confiança, e isso acontece em Encantados diversas vezes. Tive gana de transformar-me em samurai, saindo em busca do instrutor que lapidaria o meu diamante bruto. Tive, primordialmente, esperança na vitória da luz, apesar de todas as mazelas que atualmente afligem a sociedade.
Faço também, uma justa alusão ao bônus track do escritor porto-alegrense Alex D’Guyan, que abrilhantou o livro com “Sol Negro & Lua Branca, novela que se harmoniza graciosamente ao estilo de Patrícia, esbanjando familiaridade com elementos da cultura cigana.
Sinto, de fato, curiosidade em saber o que reserva o destino para esses tantos personagens, e isso atesta o êxito da obra, criada para entreter á longo prazo os amantes da boa escrita e ávidos por aventuras. Um grande escritor ou escritora, segundo penso, não se constrói ou consolida com uma só obra, mas sim através do histórico e dedicação apresentados ao longo da carreira. Sem bajulações formais e desnecessárias, estamos diante de uma séria candidata ao posto.
Pitadas de Encantamento
AMALDIÇOADOS- Após sangrenta batalha contra um vampiro que, momentos antes tomara a vida de uma criança, a caçadora de demônios Mohini, apesar do triunfo na luta, oferece-nos angustiantes momentos de dor física e moral diante do inanimado corpo da inocente. Não conseguia evitar o sentimento de impotência que a assolava. Era como se tudo que tivesse feito em sua vida não fizesse sentido. Não quando havia tanta crueldade no mundo. No limite das suas forças, é acudida por um misterioso benfeitor, que a conduzirá para uma viagem restauradora.
FILHOS DO DIABO- Uma agradável e convidativa noite quente de verão torna-se um tormento para Maria Padilha, que resolve puxar assunto com um desconhecido na praça. Vampiros astrais acabam quebrando a aparente monotonia sob o luar.
ORISHÁS- Num período crítico, de degradação moral da humanidade, monstros são atraídos magneticamente para a atmosfera do planeta, praticando abomináveis crimes insuflados por bárbaros instintos. O clima de total insegurança compadece os orishás, que em conselho decidem buscar a única guerreira capaz de pôr termo aquele lento suplício. Foluke, a mestiça nipo-brasileira, de belos e bastos cabelos negros encaracolados e pele trigueira, filha de um respeitado babalorixá, têm em mãos a inadiável missão.
RAPTORES- Nessa novela, Patrícia tremula forte o seu estandarte verde e, não por acaso, faz desse o meu momento predileto da obra. A Dra. Luzmarina Lopes, bióloga ligada á um grupo de cientistas ambientalistas unidos para preservar florestas nativas em todo o mundo, coleta amostras do solo em plena floresta da Península Ibérica. Rodeada por homens, bestas e guardiões da floresta, vê-se em perigo por confrontar poderosos interesses econômicos dos predadores naturais do planeta.
Para adquirir :
http://www.clubedeautores.com.br/books/search?utf8=%E2%9C%93&what=pat+kovacs&sort=&commit=BUSCA
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6 comentários:
Achei interessante os assuntos desse livro da patricia quero ler essas estórias.Estou realmente curiosa.
Olá amigo, consegui salvar o Blog, entrando em contato com o Google que me ajudou muito, bem obrigado por se preocupar, sabia que você foi o único que sentiu falta do Blog, obrigado pelo carinho viu, e aguardo fotos, ok...estou correndo mais do que nunca, minha sogra esta muito doente, e estou cuidando dela, portanto não tenho tempo de ler as postagens, me desculpe, só passei para deixar um abraço e explicar o que houve, beijos amigos queridos...
Olá, Cesar!
Apesar de amiga relapsa que só aparece aqui muito de vez em quando, fico feliz de saber que vc ainda me tem tanta consideração!
Estou radiante com sua resenha!
Muito obrigada, meu amigo! Logo vou postar lá no blog, como arquivo.
E para quem ficou interessado no livro, ele tanto está à venda no Clube de Autores quanto para leitura online na versão ebook ;)
Bjoxxx!
Olá, Cesar e amigos leitores,
O livro de Pat Kovacs é realmente único, original pelo excelente mix de temas e personagens. A Pat tem o dom da escrita no sangue, ela consegue nos transmitir com muita vivacidade o mundo mágico e místico dos seus livros, onde transitam orixás, herois, metamorfos e criaturas encantadas. Parabéns pela resenha! Fez uma ótima escolha de autor nacional para resenhar e divulgar, viu?
;)
http://amorelivros.negociol.com
http://romance-sobrenatural.blogspot.com.br
http://romanzine.blogspot.com.br
Olá Cesar,
Li toda a resenha, e fiquei aqui me deliciando com cada palavra sua. Com sua resenha você nos faz ficar com a curiosidade aguçada para ler o livro e nos encantar com as histórias da autora Patricia. Parabéns pela resenha.
Bjs
http://marcia-pimentel.blogspot.com.br/2012/11/dezembro-para-ler.html
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