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sábado, 22 de junho de 2013

Uruguai 1 X 1 Brasil



         
 

         Vivemos um momento histórico, que estampará com certeza, todas as retrospectivas que tentarmos fazer sobre a história moderna do Brasil. Com triste nostalgia, as pessoas costumavam lembrar de ideais e revoluções de algumas décadas atrás, como o movimento estudantil dos anos setenta e os mais recentes “caras pintadas” da era Collor. Ambos foram importantes como instrumentos de confrontação aos excessos e absurdos de suas épocas, situando-se, no entanto, distantes de nossas realidades contemporâneas. Permanecíamos simplesmente assistindo a desoladora onda de corrupção moral, material e mental dos nossos governantes políticos, responsáveis diretos pela administração dos recursos arrecadados através da cobrança de pesados impostos.
          Imposto é gramaticalmente interpretado como adj. Obrigado; ordenado; contribuição ao erário público; taxa. (Minidicionário da língua portuguesa – Editora FTD: LISA, 1996). Somos todos nós, consequentemente, obrigados, ordenados a contribuirmos financeiramente com o engrandecimento da nação, gerando recursos que nem sempre são empregados de maneira correta. Muitas verbas orçamentárias, hoje sabemos, vão pra conta bancária de mensaleiros e seus afins, impedidas de atingirem o destino originalmente designado (Educação, Saúde, Segurança, Habitação e Cultura).
          Os protestos nacionais, que proliferam em ritmo sincronizado ao longo de todo o nosso território, vêm a ser a reação do povo oprimido e explorado, reivindicando direitos básicos que o Estado muitas vezes esquece de proporcionar aos seus filhos. O movimento, que nasceu de uma acirrada luta contra o aumento das passagens urbanas, que comprometeram seriamente o direito de ir e vir de muitos brasileiros, acabou atingindo dimensões de revolta popular. Revolta dos pacíficos, no âmbito da confrontação de ideias, e dos violentos, na plataforma do quebra-quebra e roubos. Tanto uns quanto os outros, mostraram-nos porque é tão incontestável que, de fato, a união faz a força.
          Dessa vez não existem líderes eloquentes ou mártires específicos que controlem a seu bel prazer as estratégias de combate. O movimento, jovem por excelência, parece bem maior que as restritas visões políticas de muitos carismáticos fundadores de partidos ou seitas. Me enchi de esperança e orgulho dessa geração, que baniu das manifestações as bandeiras partidárias que tentaram infiltrarem-se oportunisticamente na multidão. De igual forma, parabenizo os bravos combatentes que escancararam as suas indignações nos terraços de Brasília, berço e leito da corrupção e deboche. Congresso, Câmara, Senado, todos sentiram um salutar “bafo na nuca” que fizeram-nos, certamente, reavaliarem absurdos monstruosos como a tal PEC 37. A emenda, se aprovada, tira do Ministério Público a competência para investigar crimes, entre eles o do colarinho branco, atribuindo essa função exclusivamente à Polícia Federal ou Civil, ambas já sobrecarregadas e com défcit de funcionários.       
            Não apoio, cabe aqui o registro, as depredações computadas até então, mas situo-me ao lado dos revoltosos contra a classe política, à respeito da qual tenho pouquíssima ou nada de fé. Acredito, isso sim, em Deus e na energia construtiva e transformadora dos jovens de espírito. A batalha, eu sei, ainda não foi ganha, mas sugiro que comemoremos essa impressionante sacudida no destino da nação, essa eminente candidata à potência mundial.

                                                                                                             Cesar S. Farias






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