Dentro da cultura tradicionalista gaúcha os animais, em linhas gerais, são vistos como fonte de exploração e consumo (churrasco), sendo-lhes reservado um papel meramente coadjuvante e subalterno nas manifestações artísticas próprias desse estilo regional. No cancioneiro dos trovadores populares, não faltam descrições de esporas na virilha, relhaços, laçassos e abate de quadrúpedes para a satisfação do paladar. Nós, gaúchos, mantemos a nossa fama de machos apoiando-nos em atos "heróicos" como esses, praticados contra seres vulneráveis e escravizados.
Felizmente, aqui também existem alguns lampejos de sensibilidade, como esse, escrito pelo saudoso cantor e compositor Gildo de Freitas (1919-1982), um expoente da música tradicionalista rio-grandense. Vale á pena escutar esses versos, que testemunham a visão e sabedoria de um homem simples do campo.
Eu destinei um passeio
Domingo muito cedinho
Peguei o meu violão
E fui para o mato sozinho
Descobri uma figueira
Com os galhos cheio de ninho
E passei a manhã inteira
Debaixo dessa figueira
Apreciando os passarinhos
Como eu tava achando lindo
O viver dos passarinhos
Se via perfeitamente
Vir com a fruta no biquinho
Se via quando eles davam
No bico do filhotinho
E eu ali estava entertido
Com o viver tão divertido
Da vida desses bichinhos
Depois veio o negro velho
E também trazia um negrinho
E este tinha uma gaiola
E dentro dela um bichinho
Perguntei que bicho é este
Diz ele este é um canarinho
Com este bicho que está aqui
Nas florestas por aí eu caço
Qualquer passarinho
Cantava que redobrava
Aquele pobre bichinho
Parece até que dizia:-
É triste eu viver sozinho...
só porque eu fui procurar,
Comida pra os filhotinhos...
E fui tirar desse alçapão...
Hoje eu estou nesta prisão
e nunca mais fui no meu ninho
Aí eu fui recordando
o que já me aconteceu
Há muitos anos atrás
Que a policia me prendeu
O juiz me condenou
e depois de mim se esqueceu
E eu pelo radio escutava
Quando os colegas cantava
E aquilo me comoveu
Então eu fui perguntando
Quanto quer pelo bichinho
Respondeu ele eu não vendo
Eu cacei pra o meu filhinho
Porém saiu uma voz
Da boca do gurizinho
E a gaiola custou 10
Quem me der 20 mirreis
Pode levar o passarinho
Comprei com gaiola
E tudo para evitar discussão
E fui abrindo a portinha
E abrindo meu coração
E o bichinho foi saindo
E eu peguei meu violão
E num versinho eu fui dizendo
O que tu estava sofrendo
Eu já sofri na prisão
Quem vai caçar de gaiola
Pra ver os bichos na grade
Deveria ser punido
Pelas mesma autoridade
Porque o coração dos bichos
Também consagro amizade
O lei tu faça o que puder
Mas os bichos também quer
Ter a mesma liberdade.
Som na caixa...
Domingo muito cedinho
Peguei o meu violão
E fui para o mato sozinho
Descobri uma figueira
Com os galhos cheio de ninho
E passei a manhã inteira
Debaixo dessa figueira
Apreciando os passarinhos
Como eu tava achando lindo
O viver dos passarinhos
Se via perfeitamente
Vir com a fruta no biquinho
Se via quando eles davam
No bico do filhotinho
E eu ali estava entertido
Com o viver tão divertido
Da vida desses bichinhos
Depois veio o negro velho
E também trazia um negrinho
E este tinha uma gaiola
E dentro dela um bichinho
Perguntei que bicho é este
Diz ele este é um canarinho
Com este bicho que está aqui
Nas florestas por aí eu caço
Qualquer passarinho
Cantava que redobrava
Aquele pobre bichinho
Parece até que dizia:-
É triste eu viver sozinho...
só porque eu fui procurar,
Comida pra os filhotinhos...
E fui tirar desse alçapão...
Hoje eu estou nesta prisão
e nunca mais fui no meu ninho
Aí eu fui recordando
o que já me aconteceu
Há muitos anos atrás
Que a policia me prendeu
O juiz me condenou
e depois de mim se esqueceu
E eu pelo radio escutava
Quando os colegas cantava
E aquilo me comoveu
Então eu fui perguntando
Quanto quer pelo bichinho
Respondeu ele eu não vendo
Eu cacei pra o meu filhinho
Porém saiu uma voz
Da boca do gurizinho
E a gaiola custou 10
Quem me der 20 mirreis
Pode levar o passarinho
Comprei com gaiola
E tudo para evitar discussão
E fui abrindo a portinha
E abrindo meu coração
E o bichinho foi saindo
E eu peguei meu violão
E num versinho eu fui dizendo
O que tu estava sofrendo
Eu já sofri na prisão
Quem vai caçar de gaiola
Pra ver os bichos na grade
Deveria ser punido
Pelas mesma autoridade
Porque o coração dos bichos
Também consagro amizade
O lei tu faça o que puder
Mas os bichos também quer
Ter a mesma liberdade.
Som na caixa...
3 comentários:
Nossa amigo, acabei de perguntar das suas postagens pelo e-mail, e chego aqui esta surpresa maravilhosa, linda postagem viu...adoreiiiiiiiiiii...linda letra da múscia, relatando ter aprendido com a prisão, que gaiola não é lar não...parabéns amigo pelo lindo post viu....beijos carinhosos para você e para a família...
Muito legal!
=D
beijos
Oi César!
Uma coisa que me impressionou bastante no Rio Grande do Sul foi exatamente esse aspecto "carnívoro" que encontrei nos restaurantes, como vegetariana eu ficava até envergonhada de no meu prato não haver nenhuma carne e os garçons se preocuparem dizendo que eu estva "passando mal" (achei tão estranho esse termo).
Não como carne por não achar isso justo com os animais, assim como pra mim também é terrível ver uma ave presa, um cachorrinho abandonado ou sendo maltratado, então quando vejo alguém defendendo os direitos dos animais me alio com unhas e dentes a essa causa, não conhecia Gildo de Freitas mas amei sua música e esse carinho e cuidado transmitido na letra da canção. Você conhece "Assum Preto"? é uma música linda do nosso Gonzagão, porém muito triste, infelizmente sei que essa "ignorança ou mardade" continua sendo praticada em toda parte, basta ir a uma feira livre e se deparar com tantas gaiolas cheias de passarinhos aprisionados.
Adorei teu blog, estarei sempre aqui!
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