domingo, 4 de maio de 2025

Sentimental

      


    À exemplo de outras vezes, torno á utilizar esse espaço pra dar visibilidade a escrita produzida dentro de prisões gaúchas, por pessoas marginalizadas e sem voz perante a sociedade.

   Eu sei, muitos dirão, eles tem que pagar por seus crimes e ponto. Mesmo assim, continuo achando válido humanizar nossas visões, lendo não somente pontos finais, mas também parágrafos, estrofes, vírgulas, acentos, tudo, enfim,  que é escrito de dentro pra fora das grades. 

   "Vozes de um tempo- Vol.3" foi uma coletânea organizada por profissionais diretamente ligadas ao tratamento penal de pessoas privadas de liberdade sendo, dessa forma, uma fonte autorizada sobre o assunto, sendo ela, novamente, a minha fonte de consulta.

    

                 Solidão, outra vez me procuras.

                 E eu aqui nesta cidade bandida.

                 Traga os sonhos meus.

            Desesperado, estou de mal com a vida. 

                  Aborrecido, coração amargurado,

            Não me deixes assim tão só.     


            Alegrias vêm e vão.

                  Fico alegre, quando recebo minha mulher e meus filhos.

            E uma grande tristeza fica ao irem embora,

            Restando em mim uma grande solidão,

            Um vazio em meu ser, por não poder acompanhá-los,

            ao voltarem para casa. 


            Mesmo segregado de minha liberdade,

            A vida segue, os dias passam.

            Existe em mim um compromisso, um dever,

            de buscar a amenizar os meus dias por aqui.


            Encontro nos estudos uma ocupação,

            Onde a mente se distrai numa leitura, num livro,

            Numa aula assistida.

            Por outro lado, resta um horário ao sol,

            Uma mente vazia...

            Então, é um tempo em vão.  


                                                                               N.L.

   

domingo, 27 de abril de 2025

O Papa é pop

              

             


               Foi o Papa das crianças

          Foi o Pontífice conciliador

          Foi o Padre dos excluídos

          Foi o autêntico sacerdote de Jesus.


     É por isso que,  sem sombra de dúvida,  numa citação aos "Engenheiros do Hawaii" *, O Papa é pop.


       Fica aqui o meu reconhecimento e gratidão à ele que humanizou, como nenhum antecessor seu, a figura do Sumo Pontífice católico.

      Descanse em paz no reino da luz.


                                              🙏


* Banda de rock nacional que há algumas décadas atrás emplacou nas paradas de rádio a canção "O Papa é Pop", do seu disco de mesmo nome, lançado em 1990.

  


            

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Detalhes da Santa Ceia








Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e abençoando-o, o partiu, e lhes deu dizendo: Tomai, isto é o meu corpo. A seguir, tomou Jesus um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, e todos beberam dele. Então lhes disse: Isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor de muitos. Em verdade vos digo que jamais beberei do fruto da videira, até aquele dia  em que o hei de beber, novo, no reino de Deus. Tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.

                                                                                 Mc 14:22-26

           O Evangelho segundo Marcos, na visão de estudiosos, especialistas em escrita antiga, foi composto aproximadamente no ano 64 d.C. É assim que ele narra esses instantes finais de Jesus, ceando pela última vez com os discípulos.
          O Evangelho de Mateus, escrito aproximadamente em 70 d.C, mantém praticamente a mesma narrativa para registrar o momento em que Ele ressalta a importância do Seu sacrifício, prestes á se concretizar.
          Somente uns dez anos após, por volta de 80 d.C, época atribuída aos escritos de Lucas, foi acrescentada uma frase que, até os dias de hoje, inspira multidões de cristãos à celebrarem o sofrimento e martírio do Salvador. Esse evangelista sustenta que devemos relembrar os Seus momentos de dor, enquanto os outros dois, Marcos e Mateus, apenas captam Jesus, em tom profético, preparando os discípulos Seus para acontecimentos próximos.

          E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e Lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós.

                                                                          Lc 22: 19-23
         

         O Evangelho Segundo João, será aqui apenas mencionado e não comentado, pois sequer faz alusão à Santa Ceia, tendo aparecido ainda mais tarde,  pelos idos de 90 d.C.
          Alguns dentre vós, à essas alturas, devem já querer apedrejar-me, lançar-me na fogueira dos hereges. Admito, a pergunta faz-se inevitável; Que autoridade ou experiência tenho eu sobre o assunto?
Como justificativa ou Atestado de Cristandade, revelo- lhes que, nos anos que marcaram a minha passagem da infância pra adolescência, fui coroinha na Igreja São Vicente de Paulo,  sob a tutela de Padre Francisco, em Rio Grande.
          Assim sendo, apresentadas minhas legítimas credenciais, livre me sinto para acrescentar que tenho desconfianças em relação há alguns livros incluídos na Bíblia e acho que essa história de várias pessoas contarem a mesma novela, pode trazer desvios do roteiro original.
           Outras religiões e livros sagrados existem e em todos esses a história da vida dos grandes mestres ou emissários divinos é contada uma vez só, com riqueza de detalhes, sem a necessidade de repetir o mesmo enredo novamente. É assim com Krishna, no Srimad Bhagavatan e Rama, no Ramayana, ambos textos indianos, partes da escritura hindu Vedas. Maomé, outro grande líder, tem a sua trajetória narrada por um único escritor, uma só vez, no Alcorão dos muçulmanos. Até onde sei, Sidarta Gautama, o primeiro Buda, também não possui mais de uma versão da sua biografia num mesmo texto sagrado budista. Conta-se o seu nascimento, infância, ministério e morte, com início meio e fim,  sem replays.
          Ao mesmo tempo que me questiono, não posso apresentar aqui, lamento,  conclusão definitiva alguma. Acaso, contar quatro vezes a história do Senhor Jesus Cristo, foi melhor ou pior pro cristianismo e  pro Ocidente?
          Segundo penso, é claro, os textos mais antigos são os que têm mais credibilidade, pois inspiram-se em informações recentes e  mais próximas da realidade.
          O que fiz aqui, admito, foi pouco. Comparei evangelhos e mostrei, apenas superficialmente, que eles têm divergências entre si. Aonde quero chegar? Foi apenas um desabafo de Páscoa, fico hoje por aqui. 

De 💓 uma Feliz Páscoa.

Cesar


   Obs: Postagem de 2019, republicada, pois traduz fielmente uma posição minha sobre o cristianismo.