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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Yeshua



Yeshua Hamashia significa Jesus Cristo, o Messias.
É um termo em aramaico, que era a língua falada por Jesus que deu origem a diversos idiomas falados até hoje. Os judeus, principalmente em Israel, ainda utilizam bastante a palavra. É possível encontrá-la no Novo Testamento porém, com uma ortografia diferente: Yeshu ha Notzri.
Yeshua Hamashia também pode ser escrito em hebraico, que é a língua sagrada dos judeus, a grafia é exatamente a mesma do aramaico. O nome Yeshua é escrito também como Yehoshua, traduzido em português para Josué. Yeshua Hamashia também pode ser escrito como Yeshua Meshiach.
A afirmação de que Yeshua é realmente o nome original de Jesus tem sido muito debatida, pois era muito utilizada nas civilizações antigas, incluindo os gregos. Existem registros históricos não bíblicos que provam que Jesus vivia em Israel, e falava aramaico.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O natal segundo Isaías

JESUS NA PROFECIA DE ISAÍAS


Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho
e chamá-lo-ão pelo nome de Emanuel.
                                                                           Isaías 7:14

O povo que andava em trevas viu uma grande luz
e sobre os que habitavam nas regiões da sombra da morte
resplandeceu a luz.
                                                                         Isaías 9:2

Porque um Menino nos nasceu e um Filho se nos deu;
o principado está sobre os Seus ombros
e o Seu Nome será:
Maravilhoso
Conselheiro
Deus forte
Pai da eternidade
Príncipe da Paz.
Do incremento deste principado e da paz
não haverá fim
sobre o trono de David e no seu reino.
                                                                                  Isaías 9:6-7

sábado, 19 de novembro de 2016

Maria Madalena- Quem afinal era ela?



 Aqui, o natal começa cedo.

Muita gente cresceu ouvindo que Maria Madalena foi uma prostituta que encontrou Jesus Cristo e, arrependida de seus pecados, pediu perdão e passou a segui-lo de forma fiel. No entanto, será que a parte em que diz que ela era uma “profissional do sexo” da época é verdadeira?
Bem, de acordo com inúmeras pesquisas e descobertas feitas para resgatar a verdadeira história, o fato de que Maria Madalena era uma pecadora e prostituta é falso, tanto que não existe nenhum registro nos evangelhos que dê a entender que isso era verdade.
Tudo indica que esse título para ela tenha sido uma invenção cuidadosa da igreja, que escolheu certos evangelhos para seguir e outros para ignorar. Dessa forma, a instituição combinou histórias e teceu informações que enterraram a verdade de uma das personagens femininas mais fortes da literatura antiga.
A bíblica Maria Madalena não só não era uma prostituta como era reverenciada como um apóstolo de Jesus. Tanto que essa revelação teria forçado a igreja a mudar seu pensamento de forma dramática.



Tudo porque a instituição ecumênica queria mostrar Maria Madalena como uma grave pecadora arrependida ou um exemplo de mulher redimida pela fé. E isso foi feito por um motivo.
Em outras teorias, Madalena teria sido esposa de Jesus e mãe de seus filhos. Ainda em outros estudos, ela seria um dos mais importantes apóstolos, uma pregadora e uma santa.
São muitas as hipóteses, mas o que se sabe com absoluta certeza é que ela não era uma prostituta, pois não há nenhuma menção real da prostituição em relação à Maria Madalena em quaisquer versículos da Bíblia.
É verdade sim que ela se considerava uma pecadora nos relatos da Bíblia, mas poderia ser referência a uma série de outras coisas. Seus pecados são mencionados, brevemente, na parte que conta que, antes de sua devoção a Cristo, ele a teria livrado de sete demônios. Porém, isso é muito vago e pode ser interpretado de várias maneiras.
Ela pode também ter recebido essa “má reputação” por ser confundida com várias outras mulheres que são apresentadas ao longo dos Evangelhos, incluindo uma mulher com os cabelos soltos (algo muito erótico para a época) que ungiu Cristo com óleo.
Existe outra teoria muito famosa — principalmente depois do lançamento do livro de Dan Brown, “O Código Da Vinci” — que diz que o apóstolo que está ao lado direito de Jesus na Santa Ceia (retratada pelo artista) não seria João e sim Maria Madalena. E, como Jesus não estava segurando uma taça, o cálice sagrado seria, na verdade, a própria Madalena, que estaria levando o sangue sagrado de Jesus, ou seja, um filho dele.


  
Fonte: megacurioso.com

Continua na próxima postagem.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

U.S.A. e abusa

                 


                 Teus olhos permanecem fixos em mim
                 Procuras algo que não possuo
                 Sinto aqui a tua presença,
                 me espiando por trás do muro.
                 Não chega a ser perturbadora,
                 essa constante companhia,
                 que me olha, me analisa,
                 e comigo está todo o dia.
                
                 Quase tudo você vê.
                 Parte de mim você enxerga,
                 Me conheces muito bem
                 Jogas jogo sem regra.
                 Atraído por minhas palavras,
                 entraste aqui sem bater.
                  Sinta-se então á vontade,
                  nada vou lhe esconder.

                 U.S.A. e abusa,
                 da tua supremacia.
                 Não pretendo explodir nada,
                 Destruo a hipocrisia.
                 Dê-me ao menos bom dia,
                 Apresentados estamos.
                 How are you my friend?

                  E por aqui encerramos.

domingo, 16 de outubro de 2016

Voto Obrigatório- Na contra-mão da história




Nos países mais desenvolvidos do mundo, nos mais modernos e nas democracias mais sólidas, o voto político é facultativo.
Entre os 10 países mais ricos do planeta, em todos, menos no Brasil, ir às urnas deixou de se obrigatório ou nunca foi.
Hoje o voto facultativo está vigente em 205 países do mundo e só em 24 deles (13 na América Latina) continua sendo obrigatório.
Seria preciso deduzir disso que esses países, começando pelo Brasil, não são nem modernos nem contam ainda com uma democracia consolidada? Talvez não, mas segundo vários analistas políticos, se fosse realizada a tão anunciada e nunca realizada reforma política, deveria começar por admitir o voto facultativo, já que uma das características de uma democracia real e não apenas virtual é a proteção dos maiores espaços de liberdade dos cidadãos.
É possível que um direito se converta em um dever? Que alguém possa ser castigado com sanções em uma democracia por não querer exercer um direito?
O direito do voto a todos os cidadãos foi uma das maiores conquistas das democracias liberais
O direito do voto a todos os cidadãos, homens ou mulheres, ilustrados ou analfabetos, foi uma das maiores conquistas das democracias liberais. Todos, sem distinção de sexo ou posição social, têm o direito de poder participar na vida política através do voto que permite eleger os representantes da vida pública.
Isso não significa, no entanto, que deva ser obrigatório nem que deva receber algum castigo quem deixar de usar este direito. Sobretudo porque não foi provado que o voto obrigatório melhore as democracias do mundo nem que aumente nelas a participação cidadã nas eleições.
A maior ou menor participação depende sobretudo do interesse ou desinteresse que os cidadãos demonstrem em cada eleição. Inclusive o voto chamado “antipolítica” (como, por exemplo, o nulo ou em branco), não significa um voto contra a democracia ou contra a legítima Constituição do país. Pode indicar, simplesmente, uma forma de descontentamento com o modo de governar dos políticos eleitos democraticamente, ou simplesmente a vontade de abrir espaço a novas formas de democracia mais modernas e mais adaptadas aos novos instrumentos de comunicação global que a tecnologia oferece hoje.
Manifestar-se contra a obrigatoriedade do voto tampouco significa que quem está contra esta obrigatoriedade vá deixar de votar, mas simplesmente que prefere, para benefício da democracia, que cada um seja livre de participar ou não.
Há quatro anos, o Datafolha mostrou que 64% dos brasileiros achavam que o voto deveria ser facultativo
Se o Brasil, sétima potência econômica do mundo, com uma democracia reconhecida por todos, onde existe a separação dos três poderes, continua entre os 24 países que ainda obrigam a votar, significa, no mínimo, uma clara anomalia democrática.
A última vez que a pesquisa Datafolha, há quatro anos, publicou os índices de brasileiros que prefeririam que o voto fosse facultativo, ficou claro que a grande maioria (64%) achava que o voto não fosse obrigatório. E entre esses 64% figuravam sobretudo os mais instruídos e os jovens.
Não seria suficiente esse índice, que certamente hoje seria ainda maior, para que se incluísse na reforma política a liberdade de votar?
Como se fosse pouco, outra pesquisa indicou que 30% dos eleitores já tinha esquecido o nome do candidato votado 20 dias depois de ir às urnas. Será esse o fruto da obrigatoriedade do voto?
Como escreveu Nicolás Ocarazán:
“O voto obrigatório é uma maneira desesperada de tentar que os apáticos votem. Mas se a política é incapaz de seduzi-los pela via das ideias, para que obrigá-los a participar em um sistema incapaz de ser representativo e participativo?”.
A resistência dos políticos brasileiros ao voto facultativo, ao contrário da grande maioria dos países do mundo, poderia levar a pensar que mais que da defesa de um direito trata-se de interesses inconfessáveis que pouco tem a ver com a defesa dos valores da verdadeira democracia.

Fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/08/04/política/1407162732_889288.html

terça-feira, 4 de outubro de 2016

A legalização avança





A legalização da maconha é um assunto que gera polêmica no Brasil, mas em vários países do mundo essa questão já foi resolvida. Holanda, Espanha e Estados Unidos são alguns países que já permitem a produção, o cultivo e a venda da maconha para consumo. Na América do Sul, o Uruguai foi o primeiro país a ter um projeto para controlar a venda da maconha ao consumidor.

Conheça os lugares do mundo onde a maconha é liberada para fins recreativos e medicinais:

Estados Unidos – Nos estados do Colorado e de Washington, nos Estados Unidos, a droga é liberada. Nos Estados Unidos, empresários estão investindo no comércio legalizado de maconha.
Espanha – Na Espanha existem clubes sociais para o consumo de maconha.

Holanda – Este país europeu tem "coffee shops", lojas que vendem drogas, inclusive maconha.

Canadá – Tem um programa legal de cultivo de maconha para uso medicinal.

Israel – Também tem programas legais para o cultivo de maconha medicinal, mas não permite o cultivo de maconha para uso recreativo.

Uruguai – O país sul-americano aprovou uma nova lei que prevê um registro dos consumidores de maconha e um limite de compra de 40 gramas mensais por usuário. A droga é vendida em farmácias e é um mercado fechado e controlado pelo Estado.

Portugal - Desde 2001, ninguém pode ser preso por usar drogas em Portugal. A posse de maconha é limitada a 25 gramas de erva por usuário.


Fonte: www.sitedecuriosidades.com


Se liga Brasil. Até quando ficaremos na contra-mão?



terça-feira, 20 de setembro de 2016

A escravidão no Brasil






História da Escravidão: Introdução

Ao falarmos em escravidão, é difícil não pensar nos comerciantes portugueses, espanhóis e ingleses que superlotavam os porões de seus navios de negros africanos, colocando-os a venda de forma desumana e cruel por toda a região da América.

Sobre este tema, é difícil não nos lembrarmos dos capitães-do-mato que perseguiam os negros que haviam fugido no Brasil, dos Palmares, da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, da dedicação e ideias defendidas pelos abolicionistas, e de muitos outros fatos ligados a este assunto. 

Apesar de todas estas citações, a escravidão é bem mais antiga do que o tráfico do povo africano. Ela vem desde os primórdios de nossa história, quando os povos vencidos em batalhas eram escravizados por seus conquistadores. Podemos citar como exemplo os hebreus, que foram vendidos como escravos desde os começos da História.  

Muitas civilizações usaram e dependeram do trabalho escravo para a execução de tarefas mais pesadas e rudimentares. Na Antiguidade Clássica (Grécia e Roma) havia um grande número de escravos; contudo, muitos de seus escravos eram bem tratados e tiveram a chance de comprar sua liberdade.  

                                                                        Escravidão no Brasil



No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam mulheres e homens negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam estes negros africanos como se fossem mercadorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos.

O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do navios negreiros (tumbeiros). Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.

Nas fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os escravos eram tratados da pior forma possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados (para evitar fugas). Eram constantemente castigados fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais comum no Brasil Colônia.

Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas festas e rituais africanos. Tinham que seguir a religião católica, imposta pelos senhores de engenho, adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.

As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão, embora os senhores de engenho utilizassem esta mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos. Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos da colônia.

No Século do Ouro (XVIII) alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade após adquirirem a carta de alforria. Juntando alguns "trocados" durante toda a vida, conseguiam tornar-se livres. Porém, as poucas oportunidades e o preconceito da sociedade acabavam fechando as portas para estas pessoas.

O negro também reagiu à escravidão, buscando uma vida digna. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os famosos quilombos. Estes eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que existia na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.

Campanha Abolicionista e a Abolição da Escravatura

A partir da metade do século XIX a escravidão no Brasil passou a ser contestada pela Inglaterra. Interessada em ampliar seu mercado consumidor no Brasil e no mundo, o Parlamento Inglês aprovou a Lei Bill Aberdeen (1845), que proibia o tráfico de escravos, dando o poder aos ingleses de abordarem e aprisionarem navios de países que faziam esta prática.

Em 1850, o Brasil cedeu às pressões inglesas e aprovou a Lei Eusébio de Queiróz que acabou com o tráfico negreiro. Em 28 de setembro de 1871 era aprovada a Lei do Ventre Livre que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela data. E no ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade.

Somente no final do século XIX é que a escravidão foi mundialmente proibida. Aqui no Brasil, sua abolição se deu em 13 de maio de 1888 com a promulgação da Lei Áurea, feita pela Princesa Isabel.   

A vida dos negros após a abolição da escravidão

Se a lei deu a liberdade jurídica aos escravos, a realidade foi cruel com muitos deles. Sem moradia, condições econômicas e assistência do Estado, muitos negros passaram por dificuldades após a liberdade. Muitos não conseguiam empregos e sofriam preconceito e discriminação racial. A grande maioria passou a viver em habitações de péssimas condições e a sobreviver de trabalhos informais e temporários.

Você sabia?

- 25 de março é o Dia Internacional em memória das vítimas da escravidão e do tráfico transatlântico de escravos.

- No Brasil, 28 de janeiro é o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.





Fonte: www.suapesquisa.com


domingo, 4 de setembro de 2016

Resenha- Memórias de Geraldo do Cavaco


          Música e literatura, é fato, andam de mãos dadas no Brasil, configurando-se esta, uma pareceria que se confunde à formação de nossa identidade peculiar, como nação. Autores clássicos como Machado de Assis, Lima Barreto e Aloísio de Azevedo já flertavam com as partituras, nem que fosse para retratarem superficialmente o que sentiam ou pensavam seres tão atípicos quanto os músicos. Com o passar dos séculos, cronistas e críticos musicais debruçaram-se sobre esse inesgotável tema, produzindo impecáveis obras que retrataram e esmiuçaram a Música Popular Brasileira, catalogando estilos, períodos e tendências. É possível, graças a estes, estudarmos com ampla abrangência teórica, o que de fato aconteceu, quem foi e fez determinado compositor ou ainda, onde germinou um específico gênero nacional.
            De uns tempos pra cá, segundo percebo, a hegemonia dos estudiosos e pesquisadores começou a ser ameaçada ou, na melhor das hipóteses, compartilhada com a produção literária dos próprios músicos, que resolveram, eles próprios, contarem as suas próprias tramas. Não citarei nomes para evitar ser tendencioso, mas são vários os sambistas, roqueiros, rapers e repentistas que resolveram investir em suas idéias e relatos escritos. É a música vista pelo lado de dentro, definida por quem a faz. Sai ganhando, principalmente, o admirador sincero dessa arte, seja ele hábil ou não em algum instrumento.
          Inserindo-me nesse contexto, através da presente resenha, trago à tona uma obra que, recentemente lançada, mergulha nas raízes do samba produzido no sul do Brasil, mais precisamente na capital dos gaúchos, Porto Alegre. Em seu livro “Memórias”, Geraldo do Cavaco, nome respeitado pela “velha guarda” do samba, conta o que viu, ouviu e sentiu em quase seis décadas de batucadas, a começar pela primeira experiência marcante com a música:
“Na vila, me apareceu um cara tocando bandolim, de noite e sem luz. Todos nós corremos pra perto daquele som, no escuro. Achávamos bonito, lindo, aquilo mexia comigo. O cara era chamado de canhoto e era bom no bandolim. Uma vez por semana o Canhoto aparecia com seu bandolim e mais um pandeiro. Ficávamos curtindo aquele som.”

                Não é exagero dizer que as recordações de Geraldo são as próprias recordações do samba porto-alegrense do final da década de sessenta em diante, com grande ênfase na fundação da agremiação carnavalesca Unidos da Restinga (que mais tarde tornaria-se na premiada e reconhecida Estado Maior da Restinga), na qual teve ativa participação. O autor é gente do povo, simples, sem avançados recursos lingüístico-intelecutais, mas que transmite com clareza as suas impressões de vida no vilarejo:
“Mas como, se lá era varzeio, não tinha esgoto e o terreno era plano e enchia d’água da chuva? Aí é que aparece a gana de um povo. Eles se unem e se ajudam e com alguns conhecimentos eles vão cavando ali, vão fazendo cisternas, pontes de madeiras, derrubando árvores, vão abrindo caminhos. Os pobres e os escravos conseguiram viver e sobreviver em lugares nunca habitados por um ser humano, a não ser os índios. Formaram vilas e foram vivendo bem. Acostumaram-se com a diversidade do lugar.”

              A leitura flui agradável e encontrará eco, principalmente, no coração dos sambistas e da gente batalhadora das favelas e periferias, que sabem o que é viver com pouco, precariamente, esquecida das políticas governamentais. De fato, como não poderia deixar de ser, é grande a identificação do livro com a vida no morro, onde mocinhos e bandidos apenas mudam de sotaque,  mas desempenham basicamente os mesmíssimos papéis em qualquer aglomerado urbano do país. Períodos históricos como a segunda guerra mundial e a ditadura militar encontram-se contempladas nessa narrativa que apresenta o ponto de vista não dos historiadores, mas do povo humilde que sentiu os efeitos desses conflitos em sua já sofrida rotina.
            É com grande mágoa que Geraldo relata o episódio em que, numa manobra, segundo ele, típica do regime militar, ditatorial, o presidente da primeira Escola de Samba do bairro, a Unidos da Restinga, é afastado de sua posição por funcionários da Prefeitura Municipal. Em seu lugar foi colocado outro, com o aval e confiança dos donos do poder. Isso aconteceu, para espanto e surpresa do músico, logo após o primeiro título conquistado, ainda na divisão  de acesso ao grupo principal. Essa decepção, aliás, volta e meia, em vários momentos, vêm pincelar as lembranças deste folião que, em dupla com o seu cavaco, muito contribuiu para a afirmação dessa comunidade entre as grandes do carnaval local.
“Passamos pro primeiro grupo, mas ficamos sem glória e ficou difícil para nos acostumar com os novos senhores, eles faziam questão de apresentar os novos contratados e vinham todos para o meio da quadra a rodear e iluminar os novos contratados. Nós, o povo, éramos os pobres de Paris, sem direito a nada.”

          Crítica, irreverência, paixão, decepção e religiosidade são os ingredientes que prendem a atenção do leitor, cativado pela espontaneidade do autor, que se expressa objetivamente, revelando-se um hábil cronista da realidade social em que vive. Pra quem ainda acredita que na favela só mora assaltante e traficante, Geraldo revela, sem acanhamento, toda a sua integridade, mesmo em meio a tentadoras oportunidades de lucro fácil. Conviver com o crime, não necessariamente tornará alguém um criminoso e isso comprova-se apenas com exemplos práticos como esse, proporcionado por um escritor ambientado na periferia de uma grande cidade. O seu testemunho de vida convida-nos, em nome da literatura, a despir-nos de preconceitos sociais que carregamos sem sabermos de fato o que é a pobreza.
           O instrumentista mostra-nos, no entanto, que nem só de miséria, privações e angústias vivem os favelados. Romance, humor e, principalmente, a música, são os responsáveis por atenuarem os efeitos degradantes da má distribuição de renda e disparidade entre as classes.
“Uma vez eu escrevi pra ela coisas, versos, poesia: Quisera não ter te conhecido, pois isto me tornou um prisioneiro em minha solidão... Meus pensamentos voam em tua direção... Eu me sentia, até te conhecer, livre...”

          A trilha sonora que embala, do início ao fim, essa autobiografia do escritor e músico porto-alegrense Geraldo da Neves é perceptivelmente a do samba. Samba bom, das antigas, com sentimento e autenticidade. Cheio de entusiasmo e nostalgia o autor relembra o auge e declínio dos principais conjuntos em que tocou, alguns deles com reconhecido prestígio na capital gaúcha como Candeias, Velha Guarda do Samba Puro e Banda Porto.
           Nitidamente, temos a sensação de estarmos conversando informalmente com um músico, já que a sua narrativa desenvolve-se inteiramente na primeira pessoa, fazendo-nos adentrar em fatos marcantes da sua vida pessoal. À medida que, cronologicamente, a história encaminha-se para o final, sentimo-nos íntimos e confidentes desse sambista remanescente do seu tempo. Álcool, brigas, contravenções, pitadas de sexo, misticismo, fé, tudo isso e mais aquilo que faz parte da vida de tantos pais de família que com suor batalham o pão de cada dia, seja sentando tijolo, capinando pátio, dirigindo ônibus ou pintando paredes. Considero-me um privilegiado por ter encontrado, no bairro que adotei em meu coração, um exemplo de artista tão eclético, (já ia esquecendo, Geraldo também pinta quadros nas horas vagas de aposentado) que se dispôs a compartilhar com as gerações posteriores, ingredientes que moldam o seu pensamento e ditaram á ele um modelo de conduta.
          Trata-se, enfim, de uma obra que se juntará, certamente, aos manuais e tratados que definem, se é que isso é possível, o samba em palavras. Já rimavam Vadico e Noel Rosa: “Batuque é um privilégio. Ninguém aprende samba no colégio.” Podemos, sim, esmiuçá-lo em versos, crônicas ou exemplos de vida como esse, que raramente oferecem-se assim, sem reservas. Os estudantes sinceros da Música Popular Brasileira agradecem o que está lá no sumário:
“ O motivo porque passei a escrever sobre minha existência foi pra relatar as lembranças de minha vida aos amigos, coisas boas e ruins que vivenciei ao longo dos anos e que gostaria de deixar registrado.”




                                                Cesar


Para adquirir: cesinhapoa@gmail.com


                                     


 





terça-feira, 16 de agosto de 2016

Soneto da noite fria


        Noite fria adentro, varando pelo teclado
Procuro a palavra certa, quero escrever um poema;
O que sinto é um eterno dilema
Meus dedos se arrastam no punho cerrado

Grande é o compromisso no que dizer
Porque sempre opõem-se o certo e o errado?!!!
E na alcunha eterna deste grande Advogado
Os preceitos humanos revelam todo o seu poder

Sob o próprio ser, nem os poetas dominam
Pois quem escreveria agora este soneto
Os que pranteiam, dormem, ou os que dominam?

Ao certo, somos todos como um grande e lindo dia,
que surge ensolarado, vívido, largo cenário paradisíaco
E se opõe, dia após dia, numa inevitável... noite fria.


                                             Paulo Rogério C Vargas