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sábado, 16 de fevereiro de 2019

A Revolução dos Bichos


A Revolução dos Bichos, de George Orwell, se passa numa granja liderada, inicialmente, pelo Sr. Jones. Porém, insatisfeitos com a dominação e exploração e liderados pelo Porco Major, os animais decidem fazer uma revolução. Assim, o inimigo seria aquele que anda sobre duas pernas. Os animais se organizam e expulsam Sr. Jones da granja, pois não queriam mais ser tratados como escravos dos humanos. Os porcos passam a liderar a granja, considerando-se os animais mais inteligentes.
Os ensinamentos do Porco Major, denominados de Animismo, passam a predominar, mesmo após sua morte. Na granja, todos os animais são iguais entre si. Porém, “uns são mais iguais que outros”. Dessa forma, os porcos aprenderam a ler e escrever e tornam-se os líderes da granja. O porco Bola de neve tem o plano de construir um moinho. Napoleão é contra. Há uma eleição do líder da granja, e apesar da maioria ser a favor de Bola de Neve, Napoleão arma um plano certeiro para que Bola de Neve seja expulso da granja e taxado de traidor.
Protegido por cães ameaçadores, Napoleão lidera a granja de uma maneira ditadora; constrói o moinho, e há economia de comida, os animais trabalham várias horas seguidas. Começa uma nova escravidão, onde agora os animais são explorados pelos porcos. Para a construção do moinho, são necessários materiais que não podem ser produzidos na granja, e com isso, Napoleão começa um contato comercial com humanos, por intermédio de seu advogado, Sr. Whymper. Nesse momento, os porcos se mudam para a casa grande, onde o Sr. Jones vivia, apesar de anteriormente ser proibido. Segundo eles, era necessário um local onde pudessem repousar, já que, por serem muito inteligentes, faziam muito esforço para governar a granja. Os porcos eram extremamente persuasivos. Garganta era braço direito de Napoleão e andava pela granja defendendo seu “mestre”.

Acontece uma tempestade e o moinho de vento é derrubado; a culpa cai sobre Bola de Neve. Os animais passam a racionar ainda mais a comida. Mesmo assim, Napoleão passa para os humanos a impressão de haver muita comida. Assim, vai se concretizando a República dos Bichos. Porém, alguns animais começam a questionar que a vida estava pior do que na época do Sr. Jones; estavam trabalhando mais, comendo menos, e os mandamentos feitos no começo da Revolução não estavam sendo cumpridos. Esses animais questionadores foram acusados de serem cúmplices de Bola de Neve e, ao se entregarem, foram mortos.

Frederick e seus homens invadem a granja e explodem o moinho. Os animais, revoltados com mais uma vez a destruição do moinho, enfrentam e expulsam os homens. Mais uma vez os animais trabalham demais, sem comida. Sansão, muito trabalhador, adoece e Garganta diz que virão busca-lo para um tratamento fora da granja. Um carro vem busca-lo e os animais percebem que era um carroção do matadouro através do letreiro do carro. Porém, Garganta dá uma desculpa, os animais aceitam, e Sansão nunca mais aparece.

Pouco a pouco os animais que viveram a época do Sr. Jones foram morrendo, e foi se esquecendo como era antes da Revolução. Como um irônico desfecho, os porcos aparecem andando sobre duas patas, contrariando um dos mandamentos do início da Revolução, onde “quatro patas bom, duas patas ruim”. E, finalmente, os porcos unem-se definitivamente aos humanos.


Fonte: www.educacao.globo.com

domingo, 10 de fevereiro de 2019

O agregado


          

         Olha, não fui eu quem inventou esse tal de trabalho, por isso não me sinto na obrigação de aceitá ele. Alguém, com certeza, deve te criado... mas esse alguém, definitivamente não fui eu. Trabalha quem qué... Prefiro levá a vida de boa, sem stress, tranqüilo. Não nasci pra ficá ouvindo desaforo de patrão.
          Gosto do que é bom, confesso. Porcaria eu nem compro. Perfume tem que sê francês. Aifone, é completo, de última geração, com tudo, todo equipado. Tênis é Nike, importado, do bom. Camisa, só das Lojas Tevah... Comigo é assim.

          Antes que comecem a achar que o texto acima é meu e que tô fazendo apologia à vagabundagem, abro aqui uma lacuna pra explicar que essas palavras não são minhas, mas do Everton (Veto, para os íntimos). Nem cabe aqui julgá-lo, até simpatizo com ele, é um bom rapaz, bem humorado, atencioso, brincalhão com as crianças, inteligente, só que...
          Sejamos ponderados, existem defeitos bem mais prejudiciais em certas pessoas e essas sim, colocam em risco a integridade física e psicológica de outras. Veto, se analisarmos sua personalidade com calma, não chega a ser um sujeito perigoso ou desagradável. Tem, digamos assim, como o próprio diz: uma séria divergência com o trabalho. Uma das raríssimas coisas que lhe faz perder o alto astral, a alegria, a conversação simpática, é convidá-lo pra pegar uma pá de cimento, lixar e pintar a  grade de ferro, cortar a grama, subir numa escada. Era homem, novamente nas palavras dele, pra serviços leves, de preferência. Ele até executa algumas dessas tarefas, mas sempre a contragosto, resmungando, encontrando defeito em tudo. É a pá que fica soltando o cabo toda hora, o pincel duro demais, a máquina muito barulhenta, nada contribui para que o serviço seja finalizado na sua mão. Fica irado, furibundo, possesso, quando sugerem pra ele algum tipo de ocupação ou atividade braçal.

-- Bem capaz que eu vô saí de casa às seis da manhã pra ganhá menos de seis mil...

          Morava de favor com os tios maternos desde que a mulher chutou o seu traseiro, cansada de lhe sustentar. Seu Hermógenes e Dona Idalvina aceitaram-no de bom grado, em casa, sob a condição de que seria só até ele alugar um kitinete assim que recebesse o dinheiro duma dívida, trabalhista. Fazia, pra efeitos estatísticos, manutenção de ar condicionado e lavadoras de roupas, no entanto, negava-se veementemente a se deslocar a grandes distâncias ou atender wats de clientes aos sábados e domingos.

--Quem é que trabalha sábado e domingo? Só otário, assim respondeu ao ex sócio da oficina quando esse lhe propôs um mutirão pra instalação de ar condicionado numa repartição pública.

-- Prus Judeu o dia di descanso sempre foi o sábado, não foi? Pois é... Eles tiram isso da Bíblia, ta lá: E no sétimo dia o Criador descansou, não é assim? Pois é, depois, bem depois, quando o cristianismo se expandiu e virô religião dos imperador romano, a igreja passô o tal dia do descanso pra domingo, ta nos livro, é só lê. Já eu, pra contentá  essas duas linha de pensamento religioso, não me meto nessa polêmica... Não vô ficá  tentando entendê quem tá com a razão. Não trabalho sábado nem domingo e ponto final. Tenho amparo da bíblia e dos padre pra isso. Kkkkkkkkkkkk.

          Na verdade,  Vetinho (para os mais íntimos ainda), era sustentado pelos tios e até gorjetas da prima, que era bancária, recebia. Entre os dias quatro e cinco de cada mês a sua solicitude com Tia Idalvina atingia índices extremos. Era época de pagamento do INSS. Fazia questão de chamar o Uber por volta das 09:00 hs e acompanhá-la ao caixa eletrônico para auxiliá-la no saque da aposentadoria.

-- Não vô dexá minha tia na mão de golpista ou batedor di cartera... Tu ti atrapalha toda pra digitá os comando no caixa... Vô junto com a senhora, faço questão.

           Coincidência ou não, toda vez, na saída do banco, quando entregava de volta o maço de notas e o cartão pra tia, recebia dela, em troca pelos serviços prestados, generosa gratificação. A sua gratidão e prestatividade, no entanto, começou a enfraquecer-se um pouco, lá pelo sexto... sétimo mês de estadia na casa. Se antes ia ao supermercado pra trazer, na sua moto, as sacolas mais pesadas pros velhos, agora já não ia mais. Tinham que chamar o táxi. Se  nas  primeiras semanas ele costumava levar Dona Idalvina pro Pilates, todas as quintas, pouco passou a importar-se com a atividade física da velha. Se no início, ás vezes, retirava o excremento dos cuscos no pátio, vista grossa fazia agora a essa e outras atividades de limpeza, higiene e manutenção da residência.   Andava mais preocupado com a forma física e a programação da NET. Comprou uma esteira ergométrica, uma barra para exercícios abdominais e pequenos alteres. Com eles vivia moldando o seu corpo sarado e enxuto.

          Era, de fato, bem apessoado, de presença, bonitinho. Também era respeitador, não mexia nem dava piadinha pra mulher de ninguém. Foi por esses e alguns outros motivos que o casal de  tios não enxergou inconveniente algum em aceitá-lo por uns tempos no ex quartinho do primo, estabelecido há alguns anos em São Paulo. Seria provisório, até ele fazer a vida novamente, juntar grana.

-- Aquilo é um malandrão. Nunca trabalhô na vida... Foi excomungado pela mulher porque não queria trabalhá. Ela é quem sustentava ele.

          Foi isso o que sentenciou Dona Diná, vizinha e desafeto de Idalvina, certa tarde, na farmácia do bairro, entre amigas.

-- É um baita arriado. Não gosta de pegá nu pesado. Si encostô nos velho... Não faz nada pela vida.

          Juarez, eletricista da família, comentou isso com o ajudante, quando à caminho do serviço se lembrou do rapaz.
          O fato é que o assunto, não só virou manchete nas redondezas, como passou a ocasionar transtornos cada vez mais frequentes na casa. Veto, não somente adaptou-se a sua subalterna condição de agregado, como passou a se sentir no direito de desfrutar plenamente daquelas instalações à ele confiado. Convidava amigos e amigas pra beber em casa até altas horas da madrugada, com som alto, em meio à gargalhadas, quebra de copos, silvos e relinchos.
          Muito raramente aparecia alguma máquina pra ele consertar, por isso tinha tempo de sobra pra assistir seriados da NET, esparramado no sofá da sala, com ventilador ligado ao máximo em cima duma banqueta de madeira logo à sua frente. Alternava esses momentos relax com os exercícios físicos na garagem e esses sim, faziam-no suar como um trabalhador. Foi, aliás, a tal da NET, a gota final para que a família repensasse aquela relação. Camila, a titular da assinatura, se indignou quando Vetinho cobrou dela um pacote mais completo de canais, com mais opções de seriados e shows. Segundo ele, aquela NET dela tava muito mixuruca e tava na hora de mudar. A moça, pasma, desabafou isso com a mãe, que por sua vez também se queixou que ele ficara ofendido quando lhe sugeriram  ajudar financeiramente pelo menos na conta de luz da casa, que andava alta. Nem foi necessário tentarem convencer Seu Hermógenes, o primeiro a reparar que o sobrinho, com efeito, não quer nada com nada. Pedira, dias antes, pra ele ajudá-lo na pintura externa da casa, recebendo em troca um nada convincente: Tá, se der eu ajudo. Infelizmente, ele não só se esquivou, saindo em sua moto todos aqueles dias, abrindo mão até mesmo de seus exercícios físicos e da NET, como também esculachou a escolha da cor aplicada na parede, achando-a triste e apagada demais.
          O consenso e a vontade soberana da família finalmente prevaleceram. Foi o tio que lhe chamou pras conversas, alegando que precisavam esvaziar o quarto pra receber o filho que estava pra chegar, em férias. Everton, surpreso, sugeriu ainda, numa última tentativa, construir um puxadinho aos fundos, torrando de vez a paciência do velho.

-- Nem pensar. Aqui não tem mais espaço! Ti dô uma semana pra arrumá ôtro lugar, entendeu?

          Felizmente ele entendeu. Arrumou no bailão uma coroa viúva que não resistiu aos seus amassos e a seus encantos de jovem. Se mudou pra casa dela, enchendo-a de carinhos e beijos, dia e noite.


                                                                                                               Cesar

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Orixá do Mar


Iemanjá é um orixá feminino (divindade africana) das religiões Candomblé e Umbanda. O seu nome tem origem nos termos do idioma Yorubá “Yèyé omo ejá”, que significam “Mãe cujos filhos são como peixes”.
Mãe-d'água dos Iorubatanos no Daomé, de orixá fluvial africano passou a marítimo no Norte do Brasil.
No Brasil, a deusa Iemanjá recebe diferentes nomes, dentre eles: Dandalunda, Inaé, Ísis, Janaína, Marabô, Maria, Mucunã, Princesa de Aiocá, Princesa do Mar, Rainha do Mar, Sereia do Mar, etc.
Iemanjá é a padroeira dos pescadores. É ela quem decide o destino de todos aqueles que entram no mar. Também é considerada como a “Afrodite brasileira”, a deusa do amor a quem recorrem os apaixonados em casos de desafetos amorosos.
No dia 2 de fevereiro acontece em Salvador, capital do Estado da Bahia, a maior festa popular dedicada a Iemanjá. Neste dia, milhares de pessoas trajadas de branco fazem uma procissão até ao templo de Iemanjá, localizado na praia do Rio Vermelho, onde deixam os presentes que vão encher os barcos que os levam para o mar.
No Rio de Janeiro as festas em honra de Iemanjá estão relacionadas com a passagem de ano.
Nos candomblés fiéis às origens africanas, o culto é prestado em locais fechados, nos atuais o culto é ao ar livre, prestado no mar e nas lagoas, sendo Iemanjá muitas vezes representada como sereia.
Os devotos levam para o mar vários presentes que são tidos como recusados quando não afundam ou quando são devolvidos à praia.
Dentre as diversas oferendas para a bela e vaidosa deusa, encontram-se flores, bijuterias, vidros de perfumes, sabonetes, espelhos e comidas. O ritual se repete em outras praias do Brasil.
As celebrações em homenagem a Iemanjá também acontecem em 15 de agosto, 8 de dezembro e 31 de dezembro.

Fonte: www.significados.com.br