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sábado, 18 de julho de 2020

Poeminha


                                               

                                                               Paixões interrompidas.
                                                               Soluços de um amor
                                                               tentando ser eterno...

                                                                                   
                                                                                                 Jacqueline Aisenman

domingo, 12 de julho de 2020

Moda e Sustentabilidade- Rio Grande- Cidade Histórica



                                                          

                                                             RESUMO


O artigo teve como propósito abordar a perspectiva cultural e social no município de Rio Grande através do instrumento bibliográfico, com o intuito de compreender a sua influência no comportamento do povo. desinteresse da população e pouca divulgação sobre a disciplina acadêmica Design de Moda. Além disso, relata-se a importância cultural de um complexo têxtil ao município, particularmente aos envolvidos com a área de Design. Também descreve como os princípios culturais e o modelo social conservador implicam no pensar da população a respeito dos assuntos Moda e Sustentabilidade. Contudo verificou-se que intervir nas ideias e ações do individuo não é a resolução adequada, mas sim nas consequências negativas que podem trazer ao município, isto é fazendo-o refém de suas origens passadas impedindo seu crescimento econômico e social. A partir disso as mudanças precisam ser direcionadas na reversão deste cenário para que assim a sociedade possa avançar.

Palavras-chave: Comportamento; Sociedade; Desenvolvimento.


1 INTRODUÇÃO


O modelo de sociedade tradicional que ainda permanece entre a população de Rio Grande, impede a desconstrução de princípios e valores que não cabem ao momento presente. Isso afeta não somente a diversidade cultural, mas também posicionamentos a respeito de assuntos que não possuem espaço para discussões no município, como por exemplo, a Moda e a Sustentabilidade. A desvalorização do tema, assim como o comportamento do público, resultam em ideias conservadoras e equivocadas, pois não há como argumentar determinado tema sem conhecê-lo. Ainda que para algumas pessoas seja imperceptível, a Moda está ao redor a todo o momento seja no modo de agir, pensar ou comunicar, individualmente ou em coletivo. É a soma das diversas manifestações comportamentais na sociedade, que ao serem expressadas mostram a pluralidade na postura do individuo, que passa a enxergar a Moda como maneira de transmitir sua autenticidade. Entretanto, no presente momento esta necessidade do individualismo mostra- se cada vez mais distante, pois a moda direcionou-se para um caminho onde o objetivo da indumentária é entregar a tendência e estimular consumo á preço acessível, sem mais expressar qualquer identidade e sim um padrão de estilo que é reproduzido em diversas tendências, desencadeando a sua cópia e não mais uma construção. Em vista dos argumentos apresentados questiona-se o motivo de haver o desinteresse da população e gestão municipal, no desenvolvimento e comunicação na área Design de Moda, assim como a Sustentabilidade. Este artigo subdivide-se em três partes, no qual a primeira visa definir os aspectos culturais e comportamentais da cidade de Rio Grande, a segunda relatará a importância de uma Fábrica Têxtil ao município e a área Design de Moda, e a terceira descreverá como os princípios culturais da cidade implicam na ideia e no desinteresse da população sobre os respectivos assuntos mencionados. Por fim a metodologia será com base na escolha dos autores para a fundamentação, finalizando com as considerações.

2 CULTURA: CAMINHOS DE UMA SOCIEDADE RETRÓGRADA EM TEMPOS MODERNOS

O cenário cultural e social no município de Rio Grande, é um tanto curioso e transparece um sentimento de isolamento com o resto do planeta, os avanços temporais, não são concretizados, já que a população mantêm-se ligada às origens passadas impedindo o crescimento e a tecnologia. Tal situação, torna a cidade, ainda mais distante destas transformações, pois, seus princípios tradicionais impedem-na de adequar-se a novos posicionamentos e conceitos. Como resultado está a falta de desenvolvimento econômico em áreas de mercado como o Design de Moda, sendo assim, uma profissão desvalorizada no município devido à ausência de informações por parte da gestão e oportunidades de empregos.

2.1 CULTURA E SUAS DEFINIÇÕES

Quando se questiona, o que é cultura? a preocupação é, comumente, encontrar a melhor definição dita como “correta”, a fim de, entendê-la. Porém, estudos sobre o tema deixam clara a pluralidade em defini-la, de tão complexa esta pode ser. Seus diversos conceitos foram moldando-se a medida em que se avança no tempo, indo do passado ao presente, e próximos ao futuro. Na visão de Laraia,


o ser humano é resultado do meio cultural em que é socializado, herdeiro, portanto, de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridos pelas gerações que o antecederam. (LARAIA,1986, p.34).

O posicionamento do autor traz um argumento muito pertinente acerca do comportamento e da cultura na cidade de Rio Grande, onde a bagagem de princípios e ideais deixados pelos antepassados permanecem em suas ações e no modo de pensar. Em contrapartida, estas influências possuem um alto nível conservador que não se encaixam no momento presente, no panorama atual. É fato, a população mostra-se distante quanto as diferentes manifestações de identidade e comportamento e há enorme contraste com o que tradicionalmente é visto em seu ambiente cultural e que foi deixado por aqueles que os antecederam.

Para o sociólogo, Anthony Giddens (1990),


Nas sociedades tradicionais, o passado é venerado e os símbolos são valorizados porque contêm e perpetuam a experiência de gerações. A tradição é um meio de lidar com o tempo e o espaço, inserindo qualquer atividade ou experiência particular na continuidade do passado, presente e futuro, os quais, por sua vez, são estruturados por praticas sociais recorrentes. (GIDDENS,1990, p.37-38)

A ideia de Giddens corresponde a uma sociedade tradicional que embora ligada a geração passada permitiu-se avançar no tempo. Entretanto, em Rio Grande a população permanece no passado, mantendo o legado e as memórias daqueles que lá estiveram. Portanto o conhecimento e as experiências deixadas, não são introduzidas de modo a avançarem pelo tempo, comprometendo assim o crescimento do município, ocasionando um retrocesso social em seu desenvolvimento. Apesar disto, a cidade possui grande potencial que a coloca em destaque embora permaneça invisível pro mundo, necessitando ações concretas que informem acerca das profissões em destaque na área de Moda e incentivem estudantes e pessoas em geral ao contato com a diversidade cultural.

Para a cientista social Katherine woodward (2000):

O modo como a cultura estabelece limites e distinções é fundamental para compreendermos como se constroem as identidades sociais e individuais, pois cada cultura tem suas próprias e distintivas formas de classificar o mundo. (WOODWARD,2000, p.40)

No município de Rio Grande nota-se que as identidades sociais ainda estão a sombra das memórias antigas, pelo fato de carregarem lembranças sobre momentos importantes do passado, que marcaram a economia e o crescimento da cidade. Isso cria, consequentemente, uma barreira que impede a construção de um olhar mais voltado pro futuro, sem se considerar que essas memórias devem ser utilizadas com o intuito de motivar a sociedade a caminhar na busca de novos feitos, maiores que os do passado. Sendo assim, não há modelo perfeito quando falamos de identidade social, mas sim diferentes manifestações que podem tornar-se melhores, já que a cultura está em constante reconstrução. A cultura é uma construção humana. É necessário pensar o conceito como uma constante (re)construção, em que diferentes usos e sentidos resultam na atribuição de outros significados à cultura ao longo do tempo. (SILVA, 2019, p.32).

A cultura como reconstrução significa agregar-se a ela, a essência transmitida através das gerações com reflexo no conhecimento, comportamento e princípios do passado, presente e futuro. Entendendo que evoluir não significa esquecer estas lembranças que marcaram a história de Rio Grande, pois estarão na memória daqueles que vivenciaram o passado e farão parte da construção por uma sociedade moderna em direção ao futuro próspero. O papel da gestão municipal é fundamental nessa construção, através de medidas socioculturais facilitará o acesso a novas informações sobre áreas de mercado que contribuirão no desenvolvimento econômico, estimulando o contato entre a população e as diversidades culturais, incentivando o trabalho coletivo, buscando, por fim, ampliar a rede de comunicação com outros municípios.



3 COMPLEXO TÊXTIL: MEMÓRIAS PATRIMONIAIS DEIXADAS PELO ABANDONO

Abordaremos à seguir, uma história que poderia ser contada através do tempo por todas as gerações, estabelecendo não somente o conhecimento sobre a área de Moda, mas também as lembranças da fábrica, construindo assim a ponte de ligação entre ambas, resgatando na população o orgulho por esse patrimônio cultural tão significativo para a cidade. Rio Grande teve o privilégio de ser o primeiro município do Rio Grande do Sul a possuir uma fábrica têxtil. Entretanto, o abandono acumulado 30 anos após seu fechamento, fez a população se acostumar com o duro golpe sofrido, contribuindo para que muitas de suas memórias ficassem no passado e não impulsionassem novas conquistas.


3.1 CULTURA MATERIAL: O ABANDONO DE UM SÍMBOLO HISTÓRICO

A representatividade pelo viés da cultura material mostra a sua importância em contar a história de lugares que marcaram a vivência de muitas gerações. Assim como os avanços econômicos e sociais, Rio grande possui muitos bens culturais que compõem a sua história e um deles, em particular, foi o principal responsável pelo início do processo de industrialização na cidade.


Por cultura material entendemos aquela que está ligada aos bens materiais, que podem ser tocados, vistos, isto é, que têm uma natureza tangível, concebidos como artefatos culturais. Essa cultura material aparece tanto em determinadas ferramentas, como em construções edificadas, como alguns conjuntos arquitetônicos que posteriormente podem ser considerados patrimônios culturais. (SILVA, 2019 p.77)

Fundada no ano de 1873, a Fábrica Nacional de Tecidos e Panos, exemplo de patrimônio cultural e material, impulsionou o desenvolvimento da economia no município, sendo sinônimo de prestigio aos Rio Grandinos. Os autores (Hardman; Leonardi,1982, p.173) relatam importantes fatos ocorridos em seu período de atividade.

Impondo-se como pioneira no setor têxtil no sul do Brasil, a Rheingantz ocupou o lugar de uma grande empresa nos finais do século XIX, configurando-se num nível produtivo que abarcava um mercado consumidor de grandes proporções, extrapolando as fronteiras regionais (Hardman; Leonardi,1982, p.173).

A Fábrica contribuiu na valorização e reconhecimento do município, em virtude das relações comerciais estabelecidas com outras regiões do país, beneficiando o turismo e impulsionando a urbanização. Contudo, entre os anos de 1920 a 1940, em decorrência de crises internacionais estas relações foram afetadas, o que desestabilizou o setor financeiro e posteriormente ocasionou a sua falência. O acúmulo de pendências administrativas desencadeou em dividas, impossibilitando a manutenção do prédio, o que fez a companhia suspender suas atividades. (FERREIRA, 2013), disserta em seu artigo que


ao longo deste tempo, o vazio deixado pelo abandono reflete o cenário cultural que a cidade vivencia neste momento, onde o brilho que um dia existiu tornando a cidade reconhecida, parece estar apagado.
 

Portanto, proteger as memórias culturais da fábrica é tão necessário quanto a estrutura que sustenta este símbolo histórico, que se encontra fragilizada em situação de desabamento pelos anos de abandono. A desmotivação da gestão municipal em buscar novas alternativas colocou, infelizmente, o futuro da fábrica em risco.

Contudo, no ano de 2012 a antiga Fábrica Rheingantz foi leiloada e está sob propriedade da empresa Inovar Incorporações, após 8 anos de espera sendo que 3 destes, foram destinados para desenvolver o projeto de renovação da fábrica. Conforme anuncio do Diretor Administrativo-financeiro Rangel Moraes, ao Jornal do Comercio, o prédio será revitalizado, para que toda a população possa usufruir e frequentar a área.

Foram anos de incerteza e espera sobre o que seria da fábrica. Felizmente, a notícia fez o brilho da cidade reacender novamente. O projeto trouxe novas expectativas para o município. Rio Grande possui um único meio de contato na área de Moda para a população, sendo este o curso acadêmico da Instituição Unicesumar, no qual em virtude da ausência de comunicação é desconhecido por grande parte dos Rio-Grandinos. A conclusão desse projeto de revitalização da fábrica será de grande auxílio às disciplinas do curso, visto que a indústria têxtil é indispensável em seus estudos. Em relação a cultura material, o projeto irá ressignificar o sentido do patrimônio, preservando sua identidade tanto em suas características materiais como imateriais.

O interessante sobre a natureza tangível da cultura é que essa materialidade pode ser como uma “válvula” de acionamento, que faz lembrar sobre o que é aquele bem cultural. Isso diz respeito também às discussões sobre os patrimônios culturais e a importância histórica deles, que contribuem para (re)lembrar a história dos lugares. (SILVA,2019, p.78)

O trabalho proposto pela Innovar Incorporações, certamente, vai disparar recordações e abrir arquivos de memórias sobre a fábrica, resgatando na sociedade a motivação para buscar o reconhecimento e prestígio dos tempos antigos. A gestão municipal, por sua vez, terá que despertar pra essa discussão sobre o valor de patrimônios como esse, que compõem as bases da cultura, sociedade e história do município, relembrando e aprendendo com a trajetória das gerações anteriores.

4 CAMINHOS DA SUSTENTABILIDADE: ORIGEM E A RELAÇÃO COM A MODA

Vivenciamos períodos conturbados nos quais a natureza demonstra sinais de vulnerabilidade diante do despreparo do homem em utilizar os seus recursos. Essa atitude estende-se a indústria da moda, que é hoje uma das mais poluentes do mundo e que em sua cadeia produtiva financia e mantem a desigualdade social. Empregados são explorados para que os lucros atinjam proporções inda maiores E por conseguinte, a cadeia de produção levando a condições análogas e a exploração de empregados. O encontro entre Moda e Sustentabilidade se faz extremamente necessário em momentos como esse, nos quais a escassez de recursos naturais e também o consumo desenfreado são reflexos da irresponsabilidade do homem em manipulá- los. O autor (BOFF, Leonardo, pág. 33) dirá que a “Sustentabilidade” é, em termos ecológicos, tudo o que a Terra faz para que um ecossistema não decaia e se arruíne. Desta maneira ela se manifesta no meio natural como instrumento de auto defesa contra todos os malefícios externos que possam intervir em seu desenvolvimento. A Terra, por outro lado, está emitindo sinais de fragilidade e desequilíbrio em seus fenômenos naturais, alternando longos períodos de escassez com excessos no volume das chuvas, sem contabilizarmos os cada vez mais frequentes incêndios florestais. 
Ao decorrer do tempo a estrutura cultural sofreu modificações, à medida que o capitalismo estabelecia-se, fazendo com que o consumo de bens e a desenfreada exploração dos recursos naturais substituíssem importantes valores em nossa sociedade. Muitos, por ignorância, diante da abundância de recursos que a natureza produz, acham que essa fartura toda nunca irá acabar e não percebem que a Terra encontra-se adoecida e com sua capacidade de regeneração cada vez mais enfraquecida. O indivíduo, através das suas ações cotidianas, impregnadas de egoísmo e desperdícios, prioriza interesses financeiros e materiais, colocando-os degraus acima da natureza e do bem comum.   


No meio de tanta correria, uma coisa muito importante se perdeu: a moda. Pelo menos da maneira que a conhecíamos. Aquela capaz de acentuar nossa individualidade (em vez de uniformizar), de ajudar a expressar quem somos e como vemos a vida. (CARVALHAL. 2017, pág. 22)

A sociedade perdeu sua ligação com o meio natural e isso afetou o mundo da moda. O consumo diante das tendências, transformou ela em produto do capitalismo e já não é mais possível enxergamos a representação do indivíduos, com seus valores próprios. A indústria da moda ocasionou diversos danos ao meio ambiente, não somente pelo acúmulo de lixo têxtil que é descartado das fábricas mas também pela exploração de mão de obra.


A solução para a moda pode estar na moda. Como antídoto contra seu próprio veneno. Para isso é preciso voltar a fazer moda com propósito. Moda além da roupa. Moda a favor das pessoas e do planeta. (CARVALHAL, 2018, pág. 319)

O diálogo entre moda e a sustentabilidade estabelece a construção de um novo olhar social, em que a indumentária é resinificada a partir dos princípios sustentáveis reduzindo o impacto ambiental e os efeitos do consumismo. Visa resgatar a individualidade que a moda um dia já evidenciou, transparecendo o seu verdadeiro propósito. Os profissionais que possuem anos de experiência em design de moda, bem como alguns iniciantes nesse mercado, decepcionados com o caminho ao qual a moda se direcionou, estão colocando em exercício a prática do Design sustentável. O propósito é reposicionar o público-alvo e a identidade em suas marcas, utilizando a vertente Slow Fashion, com uma proposta independente, que valoriza a criação autoral e a escolha de materiais com origem orgânica.

Cada lugar deve adotar um método de consumo consciente que seja acessível a diversas classes sociais, e não somente aquelas com poder aquisitivo destinado a estes produtos. A prática da sustentabilidade não está nos produtos, mas sim em como se faz a compra, com a intenção de melhorar nossa relação com o consumo. (ZANETTI, pág. 23)

No município de Rio Grande a discussão sobre Moda e sustentabilidade ainda é vaga, tendo em vista que a população, em sua maioria, argumenta que os produtos sustentáveis são acessíveis apenas a classe alta, em virtude do preço estar acima da média. Isso se dá porque os recursos a serem utilizados necessitam de um grande investimento, já que muitos deles não possuem origem nacional, como matérias primas e maquinários. Logo, reduzir o preço final resultaria em sérios prejuízos para as empresas, pois não compensaria o valor investido em sua produção. Desse modo, é imprescindível que aqueles que possuem o poder de compra, assim o façam para que o preço reduza gradativamente e as empresas possam trabalhar a serviço de toda a sociedade. Ainda, a inserção de atividades acadêmicas que apresentem á população, de maneira simples e dinâmica, a importância da sustentabilidade e a sua relação com o consumo na Moda, despertando reflexões e um novo olhar social.


5 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Por todos esses aspectos conclui-se que a ausência de iniciativas que visem o investimento no município impedem os avanços no processo de reconstrução cultural de Rio Grande. Portanto, é preciso que a gestão se posicione em benefício do desenvolvimento econômico e social, ampliando os setores de mercado para áreas conceituadas como o Design e suas segmentações. A Moda e a Sustentabilidade devem ser encaradas como fatores importantes que arrancarão a cidade da sua zona de conforto utilizando de forma correta os seus potenciais e explorando novos caminhos em direção ao futuro promissor. 


Fonte: Trabalho de Conclusão da Pós Graduação de Moda e Negócio- UNICESUMAR- Rio Grande/RS - Acadêmica ISADORA FARIAS PEREIRA - Orientadora:  MARCIA CRISTINA ZANATA MAIO


 

quarta-feira, 1 de julho de 2020

O Aquífero Guarani

          

            A maior reserva subterrânea de água doce do mundo


          Nem toda a água da terra está nos rios, lagos, mares e oceanos. Uma parte encontra-se no subsolo. Quando a chuva cai, uma parte da água infiltra-se pelo solo, pelas rochas permeáveis, por fendas e fraturas, podendo chegar a grandes profundidades no interior da crosta terrestre. Quando encontra uma rocha porosa, esta água acumula-se, formando o que se denomina de aquífero.
          Há mais de 170 milhões de anos atrás formou-se no centro-sul do País, assim como em algumas áreas da Argentina, Uruguai e Paraguai, um extenso deserto dominado por areias. Este deserto foi posteriormente recoberto por sucessivos derrames de lavas, em um dos mais impressionantes fenômenos vulcânicos que a Terra já deve ter assistido. O empilhamento destas lavas e o seu resfriamento originaram o Planalto da Serra Geral, sobre o qual se estende o rio Uruguai e seus afluentes.
          As areias do deserto transformaram-se, ao longo do tempo, em rochas denominadas "arenitos", também conhecidas como "pedra grês". A sua boa permeabilidade e porosidade permitiram o acúmulo de água, transformando estas rochas em um dos maiores reservatórios de água doce subterrânea da Terra, denominado Aquífero Guarani.



Fonte: Projeto Aquífero Guarani-RS