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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Postagem IV- Quilombo Silva


O quilombo Família Silva está localizado em um bairro de classe média alta de Porto Alegre chamado Três Figueiras e possui um território de 6.510,7808 metros quadrados. Segundo dados do Incra, em junho de 2006, 12 famílias, todas aparentadas entre si, viviam naquela área.

A maioria das mulheres da comunidade trabalha como empregada doméstica nas casas da região. Já os homens costumam trabalhar como vigias e jardineiros ou, ainda, comocaddies no Country Club de Porto Alegre. Os Silva dedicam-se também ao cultivo de árvores frutíferas, ervas medicinais e mudas de plantas para jardins.

A origem do grupo deu-se com a migração dos avós dos atuais moradores da comunidade para Porto Alegre no início dos anos 1940. Foi nesse período que eles se estabeleceram na área onde o quilombo está situado. Naqueles tempos a região era considerada distante da cidade e não atraía moradores abastados.



A partir da década de 1960, porém, tal área passou a se valorizar. A comunidade viu-se então ameaçada de ser expulsa do território que ocupava havia mais de 60 anos pela especulação imobiliária e o preconceito social. A comunidade foi muito assediada por pessoas interessadas em adquirir o terreno. Lígia Maria da Silva, moradora do quilombo, relata como foi a pressão: “Tinha vezes que vinha quatro pessoas por dia dizer que era dona desse terreno. Era a coisa mais triste."



Os quilombolas foram alvo também de ações judiciais movidas por pessoas que alegavam ser proprietárias daquela área. Além disso, as residências de luxo que foram construídas na vizinhança dos Silva não respeitaram os limites do seu território, ocupando indevidamente a área quilombola (CARVALHO, 2004: 153-4).

Essas investidas, porém, não intimidaram os Silva. Apoiados por parceiros como o Instituto de Assessoria às Comunidades Remanescentes de Quilombos, o Movimento Negro Unificado do Rio Grande do Sul, o Ministério Público Federal e a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, os quilombolas se mobilizaram na defesa de seus direitos.




Como resultado dessa luta, a comunidade conseguiu que o Incra instaurasse em 2004 um processo para titular suas terras. Em março de 2008, o processo já se encontrava em etapa bem avançada, com a identificação do território concluída e as ações de desapropriação ajuizadas pelo Incra.





Fonte: www.cpisp.org

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Postagem III- Lima Barreto





Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 1881 na cidade do Rio de Janeiro. Enfrentou o preconceito por ser mestiço durante a vida. Ficou órfão aos sete anos de idade de mãe e, algum tempo depois, seu pai foi trabalhar como almoxarife em um asilo de loucos chamado Colônia de Alienados da Ilha do Governador.

Concluiu o curso secundário na Escola Politécnica, contudo, teve que abandonar a faculdade de Engenharia, pois seu pai havia sido internado, vítima de loucura, e o autor foi obrigado a arcar com as despesas de casa.

Como leu bastante após a conclusão do segundo grau, sua produção textual era de excelente qualidade, foi então que iniciou sua atividade como jornalista, sendo colaborador da imprensa. Contribuiu para as principais revistas de sua época: Brás Cubas, Fon-Fon, Careta, etc. No entanto, o que o sustentava era o emprego como escrevente na Secretaria de Guerra, onde se aposentaria em 1918.

Não foi reconhecido na literatura de sua época, apenas após sua morte. Viveu uma vida boêmia, solitária e entregue à bebida. Quando tornou-se alcoólatra, foi internado duas vezes na Colônia de Alienados na Praia Vermelha, em razão das alucinações que sofria durante seus estados de embriaguez.

Lima Barreto fez de suas experiências pessoais canais de temáticas para seus livros. Em seus livros denunciou a desigualdade social, como em Clara dos Anjos; o racismo sofrido pelos negros e mestiços e também as decisões políticas quanto à Primeira República. Além disso, revelou seus sentimentos quanto ao que sofreu durante suas internações no Hospício Nacional em seu livro O cemitério dos vivos.


Sua principal obra foi Triste fim de Policarpo Quaresma, no qual relata a vida de um funcionário público, nacionalista fanático, representado pela figura de Policarpo Quaresma. Dentre os desejos absurdos desta personagem está o de resolver os problemas do país e o de oficializar o tupi como língua brasileira.

Vejamos um trecho de Triste fim de Policarpo Quaresma:

(...)

“Demais, Senhores Congressistas, o tupi-guarani, língua originalíssima, aglutinante, é verdade, mas a que o polissintetismo dá múltiplas feições de riqueza, é a única capaz de traduzir as nossas belezas, de pôr-nos em relação com a nossa natureza e adaptar-se perfeitamente aos nossos órgãos vocais e cerebrais, por sua criação de povos que aqui viveram e ainda vivem, portanto possuidores da organização fisiológica e psicológica pare que tendemos, evitando-se dessa forma as estéreis controvérsias gramaticais, oriundas de uma difícil adaptação de um língua de outra região à nossa organização cerebral e ao nosso aparelho vocal – controvérsias que tanto empecem o progresso da nossa cultura literária, científica e filosófica.”

(...)

Lima Barreto faleceu no primeiro dia do mês de novembro de 1922, vítima de ataque cardíaco, em razão do alcoolismo.

Obras:
Romance: Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909); Triste fim de Policarpo Quaresma (1915); Numa e a ninfa (1915); Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919); Clara dos Anjos (1948).
Sátira: Os bruzundangas (1923); Coisas do Reino do Jambom (1953).
Conto: História e sonhos (1920).


Fonte:  www.brasilescola.com

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Postagem II- Apartheid





O termo apartheid significa "separação" ou "identidade separada". Serviu para designar o regime político da África do Sul que, durante décadas, impôs a dominação da minoria branca (ou aristocracia branca) sobre grupos pertencentes a outras etnias, compostos em sua maioria por negros.
O apartheid não deve ser interpretado como simples "racismo", pois ele foi um sistema constitucional de segregação racial que abrangeu as esferas social, econômica e política da nação sul-africana estabelecendo critérios para diferenciar os grupos.

A origem histórica do apartheid é bem antiga e remonta ao período da colonização da África do Sul. Os primeiros colonizadores bôeres (também denominados de afrikaner) compunham-se de grupos sociais europeus que vieram da Holanda, França e Alemanha e se estabeleceram no país nos séculos 17 e 18.

Ideologia nacionalista

Esses colonizadores dizimaram as populações autóctones (grupos tribais indígenas) e tomaram suas terras. Os líderes afrikaners manipularam e converteram um preceito religioso cristão, que a princípio estabelecia a segregação como uma forma de defender e preservar as populações tribais da influência dos brancos, em uma ideologia nacionalista que pregava a desigualdade e separação racial.

Os afrikaners se consideravam a verdadeira e autêntica nação (ou volk, que em alemão significa povo). A cor e as características raciais determinaram o domínio da população branca sobre os demais grupos sociais e a imposição de uma estrutura de classe baseada no trabalho escravo.

Política racial

Nas regiões dominadas por eles estabeleceu-se uma política racial que diferenciou os europeus (população branca) dos africanos (que incluía todos os nativos não-brancos, também conhecidos por bantus). Até mesmo aqueles grupos sociais compostos por imigrantes asiáticos, em particular indianos, sofreram com a política de discriminação racial.

Seria engano supor que a expansão do domínio dos afrikaners sobre a população não-branca da África do Sul foi um processo livre de conflitos. Pelo contrário, houve muitas guerras com as populações tribais que ofereceram resistência aos brancos, entre elas as tribos xhosa, zulu e shoto.


Para uso de pessoas brancas, diz a placa da época do apartheid.


No início do século 20, a África do Sul atravessou um intenso processo de modernização que intensificou os conflitos entre brancos e não-brancos. Não obstante, a minoria branca soube explorar os conflitos intertribais que afloravam entre os diferentes grupos étnicos e isso de certo modo facilitou a avanço e domínio dos afrikaners.

Auge e declínio do regime do Apartheid sul-africano

O apartheid foi estabelecido oficialmente na África do Sul em 1948 pelo Nationalist Party (Partido dos Nacionalistas) que ascendeu ao poder e bloqueou a política integracionista que vinha sendo praticada pelo governo central.

O Nationalist Party representava os interesses das elites brancas, especificamente da minoria boere. Após 1948, o sistema de segregação racial atingiu o auge. Foram abolidos definitivamente alguns direitos políticos e sociais que ainda existiam em algumas províncias sul-africanas.

As diferenças raciais foram juridicamente codificadas de modo a classificar a população de acordo com o grupo social a que pertenciam. A segregação assumiu enorme extensão permeando todos os espaços e relações sociais. Os casamentos entre brancos e negros foram proibidos.

Os negros não podiam ocupar o mesmo transporte coletivo usado pelos brancos, não podiam residir no mesmo bairro e nem realizar o mesmo trabalho, entre outras restrições. Os brancos passaram a controlar cerca de 87% do território do país, o que sobrava se compunha de territórios independentes, mas paupérrimos, deixados aos grupos sociais não-brancos.

Declínio do apartheid

O apartheid é o único caso histórico de um sistema onde a segregação racial assumiu uma dimensão institucional. Essa situação permite definir o governo sul-africano como uma ditadura da raça branca.

Na década de 1970, o governo da África do Sul tentou em vão encontrar fórmulas que pudessem assegurar certa legitimidade internacional. Porém, tanto a ONU (Organização das Nações Unidas) como a Organização da Unidade Africana, votaram inúmeras resoluções condenando o regime.

No transcurso dos anos 70, a África do Sul presenciou inúmeras e violentas revoltas sociais promovidas pela maioria negra, mas duramente reprimidas pela elite branca. Sob o governo de linha dura, liderado por Peter. W. Botha (1985-1988), tentou-se eliminar os opositores brancos ao governo e as revoltas raciais foram duramente reprimidas.
Porém, as revoltas sociais se intensificaram bem como as pressões internacionais. Em 1989, Frederic. W. de Klerk, assumiu a presidência. Em 1990, o novo presidente conduz o regime sul-africano a uma mudança que põe fim ao apartheid. Neste mesmo ano, o líder negro Nelson Mandela, que desde 1964 cumpria pena de prisão perpétua, é posto em liberdade. Nas primeiras eleições livres, ocorridas em 1993, Mandela é eleito presidente da África do Sul e governa de 1994 a 1999.






Fonte: civilizacoesafrcanas.blogspot


terça-feira, 3 de novembro de 2015

Mês da Consciência Negra- Postagem I




          O mês de novembro, aqui no Experienciatitude, será dedicado inteiramente à etnia negra, exaltando o talento e magnetismo pessoal dessa gente que influenciou decisivamente a cultura do povo brasileiro. Sou profundamente grato ao continente africano por tudo que assimilei de lá e convido os meus ilustres visitantes do blog à embarcarem comigo nessa homenagem mais do que justa aos meus ancestrais de pele escura.

                                                                                   Grande Axé. 










 Os grandes nomes do samba, falam dela com saudade! Zeca Pagodinho quando alguém diz; ” E a Jovelina, Zeca”, ele responde sorrindo: “Era uma figura!”. Uma figura ao que parece, alegre, alto astral e talentosa.
Jovelina Farias Belfort este era o seu nome. Nasceu em Botafogo, foi morar em Belforoxo, era empregada doméstica e integrante da Ala das Baianas do Imperio Serrano.
Frequentadora das Rodas de partido alto do Botequim da Escola da Serrinha, no início dos anos 80, participou do Pagode da Tamarineira, no Cacique de Ramos, ao lado de Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Beto Sem Braço, Fundo de Quintal, Arlindo Cruz entre outros grandes sambistas, que faziam parte do então chamado “pagode carioca”, juntamente com a madrinha Beth Carvalho.
Sua voz era rouca, forte, amarfanhada, de tom popular e força batente, uma típica herdeira do estilo Clementina de Jesus e tiete declarada de Bezerra da Silva. Participando de rodas de samba, Jovelina começou a cantar no Vegas Sport Clube, em Coelho Neto, levada por Dejalmi que deu a ela o nome de Jovelina Pérola Negra.
Em 1985 foi convidada a participar da coletânea “Raça Brasileira”, ao lado de grandes sambistas como Zeca Pagodinho e Mauro Diniz e seguiu lançando a cada dois ou três anos um disco novo ou em participação, chegando a ganhar um disco de platina e lançando seu último trabalho no ano de 1996.
O estilo muito pessoal conquistou muitos fãs no meio artístico, levando até mesmo Maria Bethânia a uma apresentação no Terreirão do Samba, na Praça Onze de Junho,
de onde a diva da música popular brasileira só saiu depois de ouvir “dona Jove versar”. Alcione já homenageou a “Pérola Negra” em um de seus melhores discos, “Profissão Cantora”.
Em 1998, no dia 02 de novembro,  um infarte fulminante, calou a voz da Pérola Negra do Samba aos 54 anos de idade, para tristeza de artistas e amantes do samba.
Em sua homenagem, pela coleção “Bambas do Samba”, a gravadora Som Livre relançou seis dos seus discos de carreira e ainda a coletânea “Pérolas – Jovelina Pérola Negra.” Atualmente é difícil encontrar os discos originais de Jovelina. Algumas coletâneas com grandes sucesso como “Feirinha da Pavuna”, “Bagaço da Laranja” (gravada com Zeca Pagodinho), “Luz do Repente”, “No Mesmo Manto” e “Garota Zona Sul”, entre outros ainda podem ser comprados em sebos do Rio de Janeiro.
Jovelina é considerada como uma das grandes damas do samba e foi uma das peças mais importantes na condução do samba do subúrbio para a linha de frente da música popular brasileira,  ao lado de outros ilustres sambistas como Almir Guineto e do Grupo Fundo de Quintal.
Ela cantou, encantou, mas quis o destino que Jovelina fosse exibir sua voz rouca para além deste mundo, sem que ela realizasse o sonho de  “ganhar muito dinheiro e dar aos filhos tudo o que não teve”. Porém, apesar de sua curta passagem pela vida, Jovelina Pérola Negra conseguiu deixar seu nome escrito no livro das maiores vozes do samba brasileiro.



Fonte:www.sambando.com