Depois ele envelhece e é despejado na pia,
Levado pela água fria, que enxagua as louças.
As suas horas são tão poucas, que até podem ser contadas.
As pessoas abraçadas, percebem o quanto é bom,
Embaladas pelo som que a rádio está tocando.
E os minutos vão passando, sem que ninguém perceba,
Até que alguém vá e beba, o que resta da champanha.
Crescem já teias de aranha, na casa toda enfeitada,
Que fora toda arrumada, naquele dia especial.
Um abraço apertado, tal qual no ano passado.
Já está tudo programado, como num computador.
Fica lá fora o rancor, só esperando pra voltar,
Quando o ano-novo acabar e voltarmos à rotina,
Para nossa triste sina, de viver cada um por si.
Sejamos mais verdadeiros, nesse meses inteiros,
Pois momentos passageiros, não chegam a se firmar.
Num segundo, num piscar, a lua desaparece,
E o sonhador aí padece, na crua realidade,
Sabe que a felicidade é um Ano-novo eterno,
Onde as portas do inferno, não hão de prevalecer.