Como podemos subestimar o sofrimento de um animal reduzido à comida, quando nós mesmos não estamos na mesma situação que eles? Não se pode menosprezar o sentimento de um animal diante do abate, a não ser que tenhas sentido na pele o desespero da iminência do canibalismo ou de ser morto para tornar-se comida para ser d’outra espécie.
O ser humano é embrutecido pela naturalização do destino terrível dos animais que são colocados à nossa mesa. Sobre isso, Voltaire cita como exemplo crianças que choram com a morte do primeiro frango que eles veem matar, mas riem da morte do segundo.
Quando comes um animal, e este animal padeceu em privação e diante da morte, ao ingerir seus pedaços, você consome também a energia concentrada naquela carne, o que não é uma energia positiva, já que todo animal abatido morre de forma não natural, sem chegar ao limite de sua existência.
Depois de ler a fábula “O Lenhador e a Raposa”, vai-te às lágrimas pela morte do gentil animal golpeado mortalmente pelo lenhador, mas não divide a mesma emoção com o bezerro, que sem pai nem mãe agoniza como um órfão enquanto aguarda sua vez de ter o mesmo fim precoce determinado pela indústria.
Ensine seu filho a ser justo com os animais, e assim ele também será justo com os seres humanos. Mas se permite que ele seja pernicioso com os animais não humanos, provavelmente ele entenderá que não há problema em ser injusto também com os de sua espécie, já que o seu senso de justiça há de diluir-se em seu ego.
Fonte: davidarioch.com