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domingo, 12 de fevereiro de 2017

Considerações sobre a vida não humana



Como podemos subestimar o sofrimento de um animal reduzido à comida, quando nós mesmos não estamos na mesma situação que eles? Não se pode menosprezar o sentimento de um animal diante do abate, a não ser que tenhas sentido na pele o desespero da iminência do canibalismo ou de ser morto para tornar-se comida para ser d’outra espécie.
O ser humano é embrutecido pela naturalização do destino terrível dos animais que são colocados à nossa mesa. Sobre isso, Voltaire cita como exemplo crianças que choram com a morte do primeiro frango que eles veem matar, mas riem da morte do segundo.
Quando comes um animal, e este animal padeceu em privação e diante da morte, ao ingerir seus pedaços, você consome também a energia concentrada naquela carne, o que não é uma energia positiva, já que todo animal abatido morre de forma não natural, sem chegar ao limite de sua existência.
Depois de ler a fábula “O Lenhador e a Raposa”, vai-te às lágrimas pela morte do gentil animal golpeado mortalmente pelo lenhador, mas não divide a mesma emoção com o bezerro, que sem pai nem mãe agoniza como um órfão enquanto aguarda sua vez de ter o mesmo fim precoce determinado pela indústria.
Ensine seu filho a ser justo com os animais, e assim ele também será justo com os seres humanos. Mas se permite que ele seja pernicioso com os animais não humanos, provavelmente ele entenderá que não há problema em ser injusto também com os de sua espécie, já que o seu senso de justiça há de diluir-se em seu ego.


Fonte: davidarioch.com

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Essa terra tem dono



  Esta terra tem dono! - Com esta pequena e grandiosa frase, o guerreiro guarani Sepé Tiaraju deu início à resistência da nação guarani contra o branco invasor.  Sepé Tiaraju liderou o povo guarani durante o período que vigorava a experiência dos Sete Povos das Missões, um trabalho realizado pelas missões dos jesuitas, a partir de 1534. 
  Portugal e Espanha, mesmo sendo nações rivais, faziam suas "armações" políticas ao sabor do vento dos interesses econômicos. Assim, através do Tratado de Madri, acabaram trocando a Colônia de Sacramento pelo local já conhecido por Sete Povos das Missões, o que acabou deflagrando o ódio dos índios contra os impérios luso e espanhol. 
  Sepé Tiaraju, que havia nascido nas missões de São Miguel, estudou com os padres jesuitas e, líder nato, foi elevado a cacique da nação guarani e comandou a resistência dos índios contra Espanha e Portugal. 
  O povo guarani habitava a região que compreende a banda oriental do Uruguai, parte da Argentina, Brasil e Paraguai, e era justamente essa parte que os espanhóis queriam anexar à coroa. Dai a célebre frase de Sepé Tiaraju e o começo das lutas. 
  O líder guarani é considerado o símbolo da indianidade das 215 nações indígenas que ainda habitam terras brasileiras. Sepé lutou pelo direito à terra, à cultura e lingua e pelos costumes do povo guarani. E com o estudo com os padres, ele conhecia perfeitamente os malefícios da dominação colonialista. Sua imagem ficou associada à imagem do homem da terra, dizendo não ao opressor. Em carta aos que queriam tomar as terras dos índios, Sepé escreveu: "Não queremos dar nossas terras. E não queremos andar e viver onde quereis que andemos e vivamos. Jamais pisaremos vossas terras para matar-vos ou empobrecer-vos, como fazeis aos índios guarani e o praticais agora"... 
  O primeiro herói brasileiro foi assassinado em 07 de fevereiro de 1756, na chacina de Caiboaté, perto de onde hoje é Bajé, RS. Sepé Tiaraju foi sepultado às margens do rio gaúcho Vacacaí. Antes do massacre, havia 150 mil índios guarani apenas nas missões. Hoje, em todo o Brasil, eles somam cerca de 41 mil almas, vivendo em sete estados: Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.


Fonte: www.gente da nossa terra.com