Conta-se que, certa vez, um rapaz gay entrou em loja
para comprar uma cadela. Ele viu uma linda, por R$ 3 mil, a mais cara da loja,
e resolveu comprá-la. No ato do pagamento, disse a vendedora que aquela seria a
cadela mais linda e rica do mundo!
Levou o animalzinho para casa e mandou fazer uma coleira banhada a ouro,
com pedras e diamantes, com seu novo nome escrito: Pink. Vivia dando banhos nela
com os melhores produtos do mundo e a enchia de perfumes, talcos, e até
pó-de-arroz. E ela pensava: “Puxa vida, se sou cachorro, por que não posso ter
cheiro de cachorro?”
Ele
vivia colocando nela vestidos cor-de-rosa com brilhantes, pulseiras, e, quando
chovia, a vestia com capa de borracha, lenço na cabeça e botas; e a coitadinha
morria de vergonha de sair assim na rua! Nunca a deixava solta, e ela pensava: “Puxa,
isso não é jeito de cachorro andar, e cachorro precisa correr!”
Conta-se que até em concurso de cães ela a levava e que disse que iria
furar a orelha dela, para colocar brincos. Vê se pode!
Então ela pensou: “Puxa vida, quem sabe esse tempo todo eu estou
pensando que sou cachorro, mas não sou?...” Foi então que ela percebeu que
estava ficando maluca com a vida que estava levando. Então, num dia em que ele
abriu a porta para uma visita entrar, ela fugiu. Hoje, está morando na rua, sem
conforto e às vezes sem ter o que comer, mas feliz do jeito que é.
Danielle de Lima Oliveira (autora juvenil)
Fonte: Coletânea Literária do Instituto Popular de Arte-Educação e Biblioteca Leverdogil de Freitas Edição 2006- Editora IPDAE