A população que circulava pelo Centro de Porto Alegre na tarde de 27 de abril de 1976 parou para assistir, chocada, às cenas do maior incêndio que já atingiu a capital gaúcha. Os sete andares do prédio da Lojas Renner, na esquina da Alberto Bins com a Dr. Flores, estavam tomadas pelo fogo. O final foi trágico, com 41 mortos e mais de 60 feridos.
Helicópteros da Base Aérea de Canoas sobrevoavam o local, mas não puderam resgatar as vítimas pelo terraço, inapropriado para esse tipo de operação. Passaram a contribuir com informações para as equipes de resgate. Vítimas em desespero se jogavam pelas janelas com o corpo em chamas. Outras pediam socorro no alto do prédio para os helicópteros ou para os bombeiros, que conseguiram salvar dezenas pelas escadas Magirus. Em frente à loja, milhares de pessoas estavam atrás dos cordões de isolamento. Algumas gritavam, outras pediam calma. Os bombeiros utilizaram 200 homens, 13 viaturas e a lancha da Estação Fluvial, que funcionou à beira do Guaíba, suprindo a falta de água.
O incêndio da Renner foi o maior da Capital, mas não o primeiro a adquirir grandes proporções. Em 29 de dezembro de 1973, as chamas que consumiram as Lojas Americanas, na Rua da Praia, só não deixaram maior número de vítimas porque começaram no final de uma tarde de sábado, quando o local já estava fechado. Cinco pessoas morreram. Em outro sábado, dia 13 de maio de 1967, o fogo destruiu em pouco mais de três horas um dos grandes e históricos prédios da área central: o edifício Marechal Mallet, antigo "Grande Hotel", na esquina das Andradas com a Caldas Júnior. Como lembrou o jornal "Correio do Povo" à época, a destruição do Mallet virou uma página da história de Porto Alegre. De suas sacadas, nos movimentos revolucionários de 1923 e 1930, falaram Assis Brasil, Osvaldo Aranha e Getúlio Vargas.
E foi também num sábado, dia 19 de novembro de 1949, que um incêndio criminoso destruiu o prédio do então Tribunal Superior do Rio Grande do Sul, atual Tribunal de Justiça, na praça Marechal Deodoro. Milhares de processos se perderam e a valiosa biblioteca do tribunal, uma das melhores do país, foi completamente destruída. Desapareceram com as chamas volumes raros e coleções de jornais antigos, como "A Federação", que contavam uma parte da história do Rio Grande.
Fonte: Edição comemorativa do "Correio do Povo", em 02/10/2005