(...) Na entrada, o fruto do mar preferido de ¹dom Jaime: camarões ao perfume de limão siciliano, mix de folhas, fitas de abobrinhas e cenoura marinadas, brotos e flores. No prato principal, medalhão de filé mignon ao demi-glace com champignons, mousseline de baroa e farofa crocante. De sobremesa, peras ao vinho tinto, acompanhadas de sorvete de creme e crocante de castanhas. Tudo isso acompanhado do vinho gaúcho Perini. (...)
Edição do Jornal Zero Hora 18/12/2024
Encerrei 2024 falando de natal e abro 2025, ainda olhando pro final do último ano, refletindo sobre a Igreja.
Duas considerações introdutórias necessito, à bem da verdade fazer: Não tenho nada pessoal contra o dom Jaime e nem imagino o que seja grande parte dos itens desse seu requintado cardápio.
Num primeiro instante, é natural, vocês devem ter pensado que Jaime é um deputado ou algo parecido, almoçando num restaurante de luxo, às custas das diárias que recebe pra, bem alimentado, representar o povo. Mas não. É um religioso celibatário, Cardeal recém nomeado, sacerdote de Cristo, que participou dessa recepção junto aos colegas de batina e mandatários políticos locais.
Provavelmente alguns evocarão que não sou santo e nenhuma qualificação possuo pra falar nisso, mas mesmo assim, sem me estender desnecessariamente, concluirei meu raciocínio.
Jesus pregou e viveu a simplicidade, dividindo o pouco que tinha com os outros. Disse que a ostentação é coisa do mundo e não tem lugar no Reino de Deus. Evocou as escrituras, pra lembrar que não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.
Então o que, pergunto à vocês hoje, sem desmerecer os méritos que certamente dom Jaime deve ter, um monge que deveria evitar excessivos prazeres mundanos, faz num banquete regado à vinho e guloseimas difíceis de pronunciar, dignas de um glutão da classe alta?
Se tiverem ou não a resposta, vou respeitar, despedindo-me aqui e manifestando a minha admiração, apesar de tudo, pelo Papa Francisco, que têm tentado imprimir um outro rumo à direção extraviada que a Igreja enveredou ao longo das décadas. Aos católicos, peço que não se ofendam com essa minha espontânea crítica.
5 comentários:
Realmente, há coisas que não combinam... Um cardápio festivo assim e os fiéis em grande número, sem pouco ou nada.. Gostei de te ler!
Feliz 2025! abraços, chica
Pois... acho que também terão o direito a diversificar... para bem da sanidade mental... digo eu assim sem pensar muito.
Tenha um 2025 feliz!
Beijinhos.
Olá, Cesar, confesso que fiquei em dúvida, pois se Dom Jaime apenas participasse de refeições com os pobres, deixando de lado os mais abastados, com melhores refeições, não estaria abandonando parte dos Cristãos?
Uma boa semana, Cesar!
Grande abraço.
Certamente, caro Pedro, mas nesse caso a ostentação do prato partiu dos desejos pessoais dele e não dos anfitriões, é isso que me intriga.
Uma boa semana pra todos nós.
Abraço
O texto aborda uma crítica sutil, mas contundente, às contradições que, por vezes, parecem existir entre a pregação religiosa e as escolhas dos seus representantes. A figura do Cardeal Jaime, descrita desfrutando de um cardápio luxuoso, é colocada em contraste com os ensinamentos de Jesus sobre a simplicidade e a rejeição ao materialismo.
A reflexão não é feita de maneira direta, mas sutil, quase como uma provocação que convida o leitor a questionar as prioridades e os comportamentos de figuras religiosas que, em momentos públicos, demonstram um estilo de vida mais afluente do que se esperaria de alguém que vive a essência do cristianismo. A defesa do Papa Francisco como alguém que tenta redirecionar essa postura ilustra um desejo de manter a autenticidade nos valores cristãos.
O texto é, ao mesmo tempo, um alerta e um apelo à reflexão sobre o que a Igreja deveria realmente representar em um mundo onde a simplicidade e a entrega aos outros são tão necessárias. Uma leitura que, mesmo com leve crítica, provoca perguntas importantes sobre os valores e a verdadeira missão de uma vida religiosa.
ABRAÇOS
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