Em coerência com o que escrevi bem antes das
eleições, quando ninguém sequer havia previsto a fatalidade que interrompeu a vida e a
trajetória política de Eduardo Campos, alçando Marina da Silva à condição de
candidata, reafirmo aqui e agora o meu sentimento de desconforto em relação ao
voto obrigatório. Considero uma gritante contradição ouvir Carlinhos Brown e
Daniela Mercury, artistas pagos pelo TSE, entoarem a marchinha oficial das
eleições, “Vem pra urna, vem ser livre”, num afronta aos nossos ouvidos e em
deboche a inteligência de todos nós. Acaso existe liberdade quando votamos por
obrigação? Se não acreditamos na proposta de nenhum dos candidatos disponíveis
para o 2º turno, como nos sentiremos “livres” se estamos perdendo parte do
descanso dominical para escolhermos aquele que, na melhor das hipóteses, é o
menos pior?
Tanto
aqui no Rio Grande do Sul quanto a nível federal os partidos classificados para
a grande decisão eleitoral representam aquela monótona repetição de discursos
esfarrapados sobre esquerda X direita, neoliberalismo X socialismo e mensalão X
impeachment. São trocas de acusações que, a bem da verdade, não conduzem-nos a
lugar algum. As alianças costuradas, por
sua vez, são contraditórias ao ponto de políticos e políticas esquecerem
opiniões e posturas assumidas anteriormente.
Não
tenho, repito pela centésima primeira vez, motivação alguma para “ser livre, ir
pra urna e decidir o futuro do país". Ao Tribunal Superior Eleitoral imploro:
Poupe-nos ao menos de marchinhas ridículas como essa, substituindo-a por
alguma marcha militar que marque a cadência de robôs em fila. Não basta,
segundo entendo, a festejada liberdade de escolha. Deve haver também liberdade
de votar ou não. Só então a democracia merecerá ser chamada de joia rara.
Àqueles que tiverem ouvidos para ouvirem:
#vote em branco
Cesar S. Farias
3 comentários:
Absolutamente de acordo.
Um abraço e bom domingo
http://6feira.blogspot.pt/
Mas eu também estou aqui concordando e também indignada com tantas "sacanagens" (desculpe-me o termo) que se praticam institucionalmente em nome da nossa enfraquecida democracia.
Falou tudo e falou bem, Cesar!
Obrigada por tua passagem lá no Prosas Poéticas e sirva-se do nosso pastelzinho de queijo.
Ótimo domingo!Bjsss
Meu caro amigo e colega escritor, concordo em gênero número e grau com tudo o que brilhantemente narraste e, com absoluta franqueza - sem papas na língua, escrevendo disseste. Parabéns pela crônica, pois é mais do que justa, merecida e muito bem direcionada aos que, lamentavelmente, nos governam... Abraço.
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