Observo atentamente, mas sem fanatismos, o cenário político-partidário
do país onde nasci. Pra não deixar de ser franco em minhas explanações, só o
que enxergo é decepção e velhos erros. Discursos retrógrados de um lado,
discursos retrógrados do outro também. Se numa ponta uns dizem que torturar faz
parte do jogo, na outra, os da oposição que virou situação e que virou oposição
outra vez, continuam culpando mídia e capitalismo quando falam, mas curvando-se
às falcatruas do poder quando assumem cargos.
Os
sindicatos e associações de bairros são o trampolim para a carreira política.
Quem é ladrão no pouco, ainda que resista cautelosamente num primeiro instante,
será ladrão no muito. Iludir pessoas é algo que eles aprendem desde cedo,
inspirados nos ensinamentos práticos e objetivos de Maquiavel, a primitiva
fonte de inspiração de todo colarinho branco.
Esses, que piedosamente apresentam-se como abnegados defensores dos
nossos direitos, são na verdade, com raríssimas e infinitésimas exceções, lobos
famintos em peles de cordeiros. Querem dinheiro público, poder e status,
beneficiando-se de um “instrumento de mudanças” empurrado goela abaixo de todos
nós chamado voto obrigatório. Um culpa o outro, ambos tem razão, os dois tem
soluções, mas apesar de suas aparentes diferenças, é tudo farinha de um mesmo
saco. Flor que se cheire? Somente as bromélias, índicas, cravos e jasmins no
meu quintal. Pelos pré-candidatos ao poder, perdoem-me os militantes de uma ou
outra banda, não meto a mão no fogo por nenhum.
O que
os difere um pouco são as teorias e correntes políticas que seguem, empurrando
para uma ou outra ponta da corda cada candidato. Direitistas e esquerdistas,
ambos os lados, já chegaram ao poder e tiveram, sejamos imparciais, seus poucos
altos e muitos baixos. Até onde me recordo, perderam-se cada um deles em suas
utopias. Por mais que dure o poder, é inevitável, vem a queda e o jogo costuma
inverter-se em ciclos. Lutam, se preciso, a socos entre si nas Câmaras
Legislativas, no entanto, comungam uma mesma tendência em dissimular intenções
e distorcer leis. Só mudam as moscas, a m**** vem a ser a mesma, se é que me
compreendem. Quem hoje bate de opositor, não apresenta-se assim tão
revolucionário quando chega ao topo. Não sou eu, mas a história recente desse
país quem atesta e carimba pra quem ainda, romântico(a), crê em político
salva-pátria. Temos que acreditar em algo,
concordo nesse ponto, porém, o objeto de fé, penso eu, precisa ser
substituído. Não existe partido que tenha a solução mágica pra tamanha crise.
Independentemente da sigla, falta, isso sim, é vergonha na cara e caráter. Não
pensem ingenuamente que, pra corrigirmos o fracasso da esquerda o único remédio
é balançar com força pra direita.
Nossos homens de terno e gravata querem abocanhar impostos e
sanguessugarem mais a máquina pública.
São hábeis em prometerem mudanças, fingirem-se sonhadores, jovens, patriotas.
Cuidado, caso mereça ser considerada a minha opinião. Nem socialismo nem
comunismo. Desconfie do trabalhismo, desconfie do neoliberalismo. Incapaz de
apontar um caminho milagroso neste instante, sem hesitar, aposto que a solução
não é partidária. Somos, todos, arrendatários de uma Terra que não nos
pertence, onde o poder é dado e tirado de acordo como os desígnios divinos, que
recompensa méritos e penaliza fracassos.
Dito
isso, para não alongar-me como um sociólogo, deixo-vos aqui, entregues às suas
próprias convicções eleitorais. Nem PLC, nem PT do C. Nem PCC nem PMBL. Nem
REDE nem ANZOL ou DRONA. Nenhum deles merece ser levado realmente a sério como
instrumento de mudança e igualdade social.
Cesar