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sábado, 22 de abril de 2017

Pra direita e pra esquerda



          Observo atentamente, mas sem fanatismos, o cenário político-partidário do país onde nasci. Pra não deixar de ser franco em minhas explanações, só o que enxergo é decepção e velhos erros. Discursos retrógrados de um lado, discursos retrógrados do outro também. Se numa ponta uns dizem que torturar faz parte do jogo, na outra, os da oposição que virou situação e que virou oposição outra vez, continuam culpando mídia e capitalismo quando falam, mas curvando-se às falcatruas do poder quando assumem cargos.
         Os sindicatos e associações de bairros são o trampolim para a carreira política. Quem é ladrão no pouco, ainda que resista cautelosamente num primeiro instante, será ladrão no muito. Iludir pessoas é algo que eles aprendem desde cedo, inspirados nos ensinamentos práticos e objetivos de Maquiavel, a primitiva fonte de inspiração de todo colarinho branco.
        Esses, que piedosamente apresentam-se como abnegados defensores dos nossos direitos, são na verdade, com raríssimas e infinitésimas exceções, lobos famintos em peles de cordeiros. Querem dinheiro público, poder e status, beneficiando-se de um “instrumento de mudanças” empurrado goela abaixo de todos nós chamado voto obrigatório. Um culpa o outro, ambos tem razão, os dois tem soluções, mas apesar de suas aparentes diferenças, é tudo farinha de um mesmo saco. Flor que se cheire? Somente as bromélias, índicas, cravos e jasmins no meu quintal. Pelos pré-candidatos ao poder, perdoem-me os militantes de uma ou outra banda, não meto a mão no fogo por nenhum.
          O que os difere um pouco são as teorias e correntes políticas que seguem, empurrando para uma ou outra ponta da corda cada candidato. Direitistas e esquerdistas, ambos os lados, já chegaram ao poder e tiveram, sejamos imparciais, seus poucos altos e muitos baixos. Até onde me recordo, perderam-se cada um deles em suas utopias. Por mais que dure o poder, é inevitável, vem a queda e o jogo costuma inverter-se em ciclos. Lutam, se preciso, a socos entre si nas Câmaras Legislativas, no entanto, comungam uma mesma tendência em dissimular intenções e distorcer leis. Só mudam as moscas, a m**** vem a ser a mesma, se é que me compreendem. Quem hoje bate de opositor, não apresenta-se assim tão revolucionário quando chega ao topo. Não sou eu, mas a história recente desse país quem atesta e carimba pra quem ainda, romântico(a), crê em político salva-pátria. Temos que acreditar em algo,  concordo nesse ponto, porém, o objeto de fé, penso eu, precisa ser substituído. Não existe partido que tenha a solução mágica pra tamanha crise. Independentemente da sigla, falta, isso sim, é vergonha na cara e caráter. Não pensem ingenuamente que, pra corrigirmos o fracasso da esquerda o único remédio é balançar com força pra direita.
          Nossos homens de terno e gravata querem abocanhar impostos e sanguessugarem  mais a máquina pública. São hábeis em prometerem mudanças, fingirem-se sonhadores, jovens, patriotas. Cuidado, caso mereça ser considerada a minha opinião. Nem socialismo nem comunismo. Desconfie do trabalhismo, desconfie do neoliberalismo. Incapaz de apontar um caminho milagroso neste instante, sem hesitar, aposto que a solução não é partidária. Somos, todos, arrendatários de uma Terra que não nos pertence, onde o poder é dado e tirado de acordo como os desígnios divinos, que recompensa méritos e penaliza fracassos.
        Dito isso, para não alongar-me como um sociólogo, deixo-vos aqui, entregues às suas próprias convicções eleitorais. Nem PLC, nem PT do C. Nem PCC nem PMBL. Nem REDE nem ANZOL ou DRONA. Nenhum deles merece ser levado realmente a sério como instrumento de mudança e igualdade social.

                                                                                                   Cesar

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