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sábado, 20 de maio de 2017

Abolição- Comemorar o que?



A Lei Áurea, que aboliu oficialmente a escravidão no Brasil, foi assinada em 13 de maio de 1888. A data, no entanto, não é comemorada pelo movimento negro. A razão é o tratamento dispensado aos que se tornaram ex-escravos no País. “Naquele momento, faltou criar as condições para que a população negra pudesse ter um tipo de inserção mais digna na sociedade”, disse Luiza Bairros, ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
Após o fim da escravidão, de acordo com o sociólogo Florestan Fernandes (1920-1995), em sua obra "A integração do negro na sociedade de classes", de 1964, as classes dominantes não contribuíram para a inserção dos ex-escravos no novo formato de trabalho.
“Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou qualquer outra instituição assumisse encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho”, diz o texto.
De acordo com a Bairros, houve, então, um debate sobre a necessidade de prover algum recurso à população recém-saída da condição de escrava. Esse recurso, que seria o acesso à terra, importante para que as famílias iniciassem uma nova vida, não foi concedido aos negros. Mesmo o já precário espaço no mercado de trabalho que era ocupado por essa população passou a ser destinado a trabalhadores brancos ou estrangeiros, conforme Luiza Bairros.
Integrante da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Alexandre Braga explica que “O 13 de maio entrou para o calendário da história do país, então não tem como negar o fato. Agora, para o movimento negro, essa data é algo a ser reelaborado, porque houve uma abolição formal, mas os negros continuaram excluídos do processo social”.
“Essa data é, desde o início dos anos 80, considerada pelo movimento negro como um dia nacional de luta contra o racismo. Exatamente para chamar atenção da sociedade para mostrar que a abolição legal da escravidão não garantiu condições reais de participação na sociedade para a população negra no Brasil”, completou a ex-ministra.

Fonte: ultimosegundo.ig.com



domingo, 7 de maio de 2017

Na margem

                        
                        

                     Por que esse mar, ora tão manso,
                     Ficou agora tão feroz?
                     Ao certo não deve ser minha presença,
                     que está a lhe incomodar.
                      Quem sabe seja alguém lá do outro lado,
                      a soprar forte suas águas.
                      Ou talvez apenas por capricho,
                      resolveu ele se rebelar.
                      Eu respeito a força dele,
                      São pra ele essas repentinas rimas
                      Porque eu aqui escrevo?
                      Talvez só por agradecimento,
                      à essa única companhia minha.
                      Talvez pela minha mania de exaltar,
                      o que pouco foi exaltado.
                      Pela minha atração pelo que é majestoso.
                      Por tudo que não cobra pedágio,
                      nem esconde a sua beleza pura.

                      Quem sabe em suas águas não habite uma bela sereia,
                      que venha a mim e cante uma canção do mar,
                      Sob o bater de asas das gaivotas que circundam a praia.
                      Me vejo frente a um gigante que, como eu, vive isolado.
                      Vive sem ultrapassar a terra que abunda à sua volta.
                      Está em seu lugar de direito, em contraste com a lua cheia.
                      Representa a solidão e todo mistério que envolve essa vida.
                                                 

                                                                                               Cesar