Hilária
Batista de Almeida, Tia Ciata, como era conhecida, nasceu em 1854 em Santo
Amaro da Purificação, Bahia. Aos 22 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, no
êxodo que ficou conhecido como diáspora baiana. No Rio, formou nova família ao
se casar com João Baptista da Silva, funcionário público com quem teve 14
filhos.
Como todas as baianas da época, era grande quituteira.
Começou a trabalhar colocando o seu tabuleiro na Rua Sete de Setembro, sempre
vestida de baiana. Com tino comercial, também alugava roupas típicas para o
teatro e para o carnaval.
Hilária foi iniciada no candomblé em Salvador por
Bangboshê Obitikô e era filha de Oxum, no Rio de Janeiro era Iyakekerê no
terreiro de João Alabá, na Rua Barão de São Felix, onde também ficava a casa de
Dom Obá II e o famoso cortiço Cabeça de Porco. Em sua casa, as festas eram
famosas. Sempre celebrava seus orixás, sendo as festas de Cosme e Damião e de
Nossa Senhora da Conceição as mais prestigiadas. Mas também promovia festas
profanas, nas quais se destacavam as rodas de partido-alto. Era nessas rodas
que se dançava o miudinho, uma forma de sambar de pés juntos, na qual Ciata era
mestra.
A Praça Onze ganhou o apelido de Pequena África, porque
era o ponto de encontro dos negros baianos e dos ex-escravos radicados nos
morros próximos ao centro da cidade. Lá se reuniam músicos amadores e
compositores anônimos. A casa de Tia Ciata, na rua Visconde de Itaúna 117, era
a capital da Pequena África. Dos seus freqüentadores habituais, que incluíam
Pixinguinha, Donga, Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Sinhô e Mauro de
Almeida, nasceu o samba. A música Pelo telefone foi o primeiro samba
registrado, no final de 1916, e virou sucesso no carnaval de 1917.
As chamadas "tias" baianas tiveram um papel
preponderante no cenário de surgimento do samba no Rio de Janeiro, no final do
século XIX e início do XX. Além de transmissoras da cultura popular trazida da
Bahia e sacerdotisas de cultos e ritos de tradição africana, eram grandes
quituteiras e festeiras, reunindo em torno de si a comunidade que inundava de
música e dança suas celebrações – as festas chegavam a durar dias seguidos.
Em 1935, o então prefeito do Rio, Pedro Ernesto,
legalizou as escolas de samba e oficializou os desfiles de rua. Antes disso,
sem horário nem percurso fixo, o indispensável era que os grupos passassem pela
Praça Onze, pelas casas das “tias” baianas. Elas eram consideradas mães do
samba e do carnaval dos pobres. A casa de Tia Ciata era parada obrigatória,
pois era a mais famosa e muito respeitada pela comunidade. As tias são
representadas e homenageadas nos desfiles, pela ala das baianas das escolas de
samba.Tia Ciata morreu em 1924 deixando um grande legado para a cultura
brasileira.
Fonte: tiaciata.com.br
Fonte: tiaciata.com.br
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