Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e abençoando-o, o partiu, e
lhes deu dizendo: Tomai, isto é o meu corpo. A seguir, tomou Jesus um cálice e,
tendo dado graças, o deu aos discípulos, e todos beberam dele. Então lhes
disse: Isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor de
muitos. Em verdade vos digo que jamais beberei do fruto da videira, até aquele
dia em que o hei de beber, novo, no
reino de Deus. Tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.
Mc 14:22-26
O Evangelho
segundo Marcos, na visão de
estudiosos, especialistas em escrita antiga, foi composto aproximadamente no
ano 64 d.C. É assim que ele narra
esses instantes finais de Jesus, ceando pela última vez com os discípulos.
O Evangelho de Mateus, escrito aproximadamente em 70 d.C, mantém praticamente a mesma
narrativa para registrar o momento em que Ele ressalta a importância do Seu
sacrifício, prestes á se concretizar.
Somente uns dez
anos após, por volta de 80 d.C,
época atribuída aos escritos de Lucas,
foi acrescentada uma frase que, até os dias de hoje, inspira multidões de
cristãos à celebrarem o sofrimento e martírio do Salvador. Esse evangelista
sustenta que devemos relembrar os Seus momentos de dor, enquanto os outros
dois, Marcos e Mateus, apenas captam Jesus, em tom profético, preparando os
discípulos Seus para acontecimentos próximos.
E, tomando um pão, tendo dado graças,
o partiu e Lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim.
Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da
nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós.
Lc 22: 19-23
O Evangelho Segundo João, será aqui apenas mencionado e não
comentado, pois sequer faz alusão à Santa Ceia, tendo aparecido ainda mais
tarde, pelos idos de 90 d.C.
Alguns dentre vós, à essas alturas, devem já querer
apedrejar-me, lançar-me na fogueira dos hereges. Admito, a pergunta faz-se
inevitável; Que autoridade ou experiência tenho eu sobre o assunto?
Como justificativa ou Atestado de Cristandade, revelo- lhes que,
nos anos que marcaram a minha passagem da infância pra adolescência, fui coroinha na Igreja
São Vicente de Paulo, sob a tutela de
Padre Francisco, em Rio Grande.
Assim sendo,
apresentadas minhas legítimas credenciais, livre me sinto para acrescentar que
tenho desconfianças em relação há alguns livros incluídos na Bíblia e acho que
essa história de várias pessoas contarem a mesma novela, pode trazer desvios do
roteiro original.
Outras religiões
e livros sagrados existem e em todos esses a história da vida dos grandes
mestres ou emissários divinos é contada uma vez só, com riqueza de detalhes,
sem a necessidade de repetir o mesmo enredo novamente. É assim com Krishna, no
Srimad Bhagavatan e Rama, no Ramayana, ambos textos indianos, partes da
escritura hindu Vedas. Maomé, outro grande líder, tem a sua trajetória narrada
por um único escritor, uma só vez, no Alcorão dos muçulmanos. Até onde sei,
Sidarta Gautama, o primeiro Buda, também não possui mais de uma versão da sua
biografia num mesmo texto sagrado budista. Conta-se o seu nascimento, infância,
ministério e morte, com início meio e fim, sem replays.
Ao mesmo tempo que
me questiono, não posso apresentar aqui, lamento, conclusão definitiva alguma. Acaso, contar
quatro vezes a história do Senhor Jesus Cristo, foi melhor ou pior pro
cristianismo e pro Ocidente?
Segundo penso, é
claro, os textos mais antigos são os que têm mais credibilidade, pois
inspiram-se em informações recentes e
mais próximas da realidade.
O que fiz aqui,
admito, foi pouco. Comparei evangelhos e mostrei, apenas superficialmente, que
eles têm divergências entre si. Aonde quero chegar? Foi apenas um desabafo de
Páscoa, fico hoje por aqui.
De 💓 uma Feliz Páscoa.
Cesar