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sexta-feira, 19 de abril de 2019

Detalhes da Santa Ceia








Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e abençoando-o, o partiu, e lhes deu dizendo: Tomai, isto é o meu corpo. A seguir, tomou Jesus um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, e todos beberam dele. Então lhes disse: Isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor de muitos. Em verdade vos digo que jamais beberei do fruto da videira, até aquele dia  em que o hei de beber, novo, no reino de Deus. Tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.

                                                                                 Mc 14:22-26

           O Evangelho segundo Marcos, na visão de estudiosos, especialistas em escrita antiga, foi composto aproximadamente no ano 64 d.C. É assim que ele narra esses instantes finais de Jesus, ceando pela última vez com os discípulos.
          O Evangelho de Mateus, escrito aproximadamente em 70 d.C, mantém praticamente a mesma narrativa para registrar o momento em que Ele ressalta a importância do Seu sacrifício, prestes á se concretizar.
          Somente uns dez anos após, por volta de 80 d.C, época atribuída aos escritos de Lucas, foi acrescentada uma frase que, até os dias de hoje, inspira multidões de cristãos à celebrarem o sofrimento e martírio do Salvador. Esse evangelista sustenta que devemos relembrar os Seus momentos de dor, enquanto os outros dois, Marcos e Mateus, apenas captam Jesus, em tom profético, preparando os discípulos Seus para acontecimentos próximos.

          E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e Lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós.

                                                                          Lc 22: 19-23
         

         O Evangelho Segundo João, será aqui apenas mencionado e não comentado, pois sequer faz alusão à Santa Ceia, tendo aparecido ainda mais tarde,  pelos idos de 90 d.C.
          Alguns dentre vós, à essas alturas, devem já querer apedrejar-me, lançar-me na fogueira dos hereges. Admito, a pergunta faz-se inevitável; Que autoridade ou experiência tenho eu sobre o assunto?
Como justificativa ou Atestado de Cristandade, revelo- lhes que, nos anos que marcaram a minha passagem da infância pra adolescência, fui coroinha na Igreja São Vicente de Paulo,  sob a tutela de Padre Francisco, em Rio Grande.
          Assim sendo, apresentadas minhas legítimas credenciais, livre me sinto para acrescentar que tenho desconfianças em relação há alguns livros incluídos na Bíblia e acho que essa história de várias pessoas contarem a mesma novela, pode trazer desvios do roteiro original.
           Outras religiões e livros sagrados existem e em todos esses a história da vida dos grandes mestres ou emissários divinos é contada uma vez só, com riqueza de detalhes, sem a necessidade de repetir o mesmo enredo novamente. É assim com Krishna, no Srimad Bhagavatan e Rama, no Ramayana, ambos textos indianos, partes da escritura hindu Vedas. Maomé, outro grande líder, tem a sua trajetória narrada por um único escritor, uma só vez, no Alcorão dos muçulmanos. Até onde sei, Sidarta Gautama, o primeiro Buda, também não possui mais de uma versão da sua biografia num mesmo texto sagrado budista. Conta-se o seu nascimento, infância, ministério e morte, com início meio e fim,  sem replays.
          Ao mesmo tempo que me questiono, não posso apresentar aqui, lamento,  conclusão definitiva alguma. Acaso, contar quatro vezes a história do Senhor Jesus Cristo, foi melhor ou pior pro cristianismo e  pro Ocidente?
          Segundo penso, é claro, os textos mais antigos são os que têm mais credibilidade, pois inspiram-se em informações recentes e  mais próximas da realidade.
          O que fiz aqui, admito, foi pouco. Comparei evangelhos e mostrei, apenas superficialmente, que eles têm divergências entre si. Aonde quero chegar? Foi apenas um desabafo de Páscoa, fico hoje por aqui. 

De 💓 uma Feliz Páscoa.

Cesar                                                                                                                                                                                                                                           






domingo, 7 de abril de 2019

Preparação à Páscoa

Uma das seitas importantes no período do segundo Templo era a dos essênios. A origem do nome não é muito segura. Há quem o ligue a raízes gregas, aramaicas ou hebraicas, mas na realidade seu significado é obscuro. Pelo que se sabe de suas características, o significado mais apropriado seria o de "puros" ou "pios".
O essenismo constituiu, nos séculos que vão desde o ano 150 (A.C) ao 70 (D.C.), uma comunidade religiosa judaica que tinha algumas características essenciais que afastavam-na do Templo de Jerusalém. As fontes que temos encontram-sem em Filon e Flávio Josefo. Parece que os essênios viviam, de preferência, nas planícies e que uma de suas principais sedes estava instalada no oásis de En-guedi sobre o Mar Morto. Constituiam sobretudo uma ordem monástica; não se casavam e sua comunidade perpetuava-se somente com a associação de novos membros. Não procuravam lucros pessoais, todos trabalhavam pelos congregados, com os quais viviam em comum. Para ingressar na confraria deviam passar por diversas fases de noviciado; por sua sinceridade consideravam reprovável o juramento; seguiam rigorosas regras de pureza tomando banhos freqüentíssimos e usavam trajes brancos.
De sua teologia e de suas doutrinas se conhece muito pouco. Não se sabe se tiveram outros livros sagrados além do Pentateuco. Parece que a idéia que eles tinham sobre a imortalidade limitava-se a considerar que a alma veio do céu e a ele volta depois da morte do corpo, se o mereceu. Presume-se que atribuiam muita importância à magia e à arte de prever o futuro. Consideravam um dever mostrar-se fiéis à autoridade nacional constituída, mas não à estrangeira. Com efeito, no ano de 66 uniram-se aos zelotes na revolta contra Roma.
Tinham algumas particularidades que os afastavam do Templo de Jerusalém; a abstenção do matrimônio, a abstenção dos sacrifícios ensanguentados e o rito da prece olhando o sol. Estes elementos são, na realidade, estranhos ao judaísmo e parecem haver chegado ao essenismo por via sincrética, aproveitados de tantas religiões que corriam pelo Oriente. Não se pode determinar com exatidão se neste sincretismo intervieram a órfica, o helenismo em geral, o budismo ou o paganismo sírio-palestinense.
Parece muito provável que o essenismo contribuiu não só para o advento do cristianismo mas também para a sua difusão. Na realidade, as distintas seitas judeu-cristãs apresentam muitas afinidades com o essenismo.

Fonte: tryte.com.br