Este 27 de maio de 2021 passa a ser uma data referencial para a pecuária gaúcha. Neste dia, o Rio Grande do Sul conquistou um marco histórico, o reconhecimento internacional de área livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A partir deste novo status, o mundo passa a olhar nossos produtos com maior confiabilidade, o que garantirá a toda a cadeia de carnes novas perspectivas de acessos a mercados até então fechados.
Esta conquista começa a ser mensurada em números pelo setor do agronegócio, mas refletirá em toda a economia do Estado. Estima-se que o setor produtivo de carnes poderá ampliar em US$ 1,2 bilhão ao ano o seu volume de negócios a partir do nosso novo status sanitário. Um dos impactos será a geração de mais empregos, de mais renda aos produtores rurais, aumento no volume de produtos destinados à exportação, mais dinheiro circulando no Estado, mais otimismo para alavancar novos investimentos.
Esta façanha foi construída ao longo dos últimos anos, com esforço de toda a equipe de servidores da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), da iniciativa privada, das entidades representativas do setor e dos produtores rurais que mantiveram seu rebanho livre desta doença e de seus graves efeitos. Sob gestão do então secretário Covatti Filho, nos últimos anos, todos os esforços foram canalizados para colocar em conformidade todas as exigências do Ministério da Agricultura que nos credenciaram a chegar a este momento.
A partir de agora, estaremos empenhados em manter este patamar alcançado e ajudar o setor a abrir novas fronteiras. Cerca de 70% dos potenciais mercados aplicavam barreiras às carnes produzidas no Rio Grande do Sul porque carecíamos desta certificação internacional. Para se ter uma ideia da importância deste novo status, a projeção é que somente a nossa indústria de carne suína registre aumento nas exportações na ordem de R$ 600 milhões anuais, com o acesso, entre outros, a mercado bastante exigentes como Japão, Estados Unidos, Coreia do Sul e China (carne com osso).
Este é um momento de comemoração da agropecuária gaúcha que, com certeza, saberá aproveitar da melhor forma como mostrar sua grandeza para todo o planeta.
Texto do site governamental estado.rs.gov.br assinado pela Secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado do Rio Grande do Sul, SILVANA COVATTI.
******************************************
Os grifos no artigo acima são todos meus e é me amparando neles que trago hoje aos meus leitores algumas considerações sobre a minha espécie. Como nativo do sul do Brasil não posso “fazer vista grossa” diante dessa data referencial pra indústria da carne e da morte. A crueldade institucionalizada chegou á um marco histórico, e hoje, cinicamente, podemos comemorar o invejável status de área livre de febre aftosa. Os abates de vidas inocentes podem, enfim, retomarem o ritmo intenso de produção, pois agora, o mundo passa a olhar nossos produtos com maior confiabilidade.
A atividade pecuária é, atualmente, uma das grandes responsáveis pelo precoce esgotamento dos recursos hídricos e matas nativas em nosso país e o fato de ampliar em US$ 1,2 bilhão ao ano o seu volume de negócios não pode ser, dissimuladamente, considerado um preço justo com o meio ambiente como se não existissem mais alternativas para a geração de empregos e renda.
Considero insensato, mordaz, alguém se apoiar no sangue, na dor, na interrupção da vida como fonte de otimismo para alavancar novos investimentos. De igual forma, o esforço dos pecuaristas que se empenharam e mantiveram seu rebanho livre desta doença e de seus graves efeitos, vêm impregnado de oportunismo e falsa bondade, já que a orientação deles é prevenir enfermidades pra eliminar os animais mais ali adiante.
A história se repete. A escravidão humana foi considerada perfeitamente aceitável séculos atrás, em nome do desenvolvimento, da economia, do bem estar daqueles que detinham o poder político. Agora, danem-se os porcos inferiores, pois é previsto um aumento nas exportações na ordem de 600 milhões anuais, com o acesso, ente outros, a mercado bastante exigente como Japão, Estados Unidos, Coréia do Sul e China (carne com osso).
Eu sei, isso é uma questão cultural, sem espaço pra sentimentalismos, somos gaúchos, celebramos com churrasco, nosso governo pensa com empreendedorismo e não há dúvida que este é um momento de comemoração para todos aqueles que, á exemplo dos irmãos Covatti, desconhecem a compaixão em sua interpretação mais profunda. Quanto a mim, a sensação que aflora nesse instante é a decepção, pois é através do sacrifício de inofensivos seres vivos que o Rio Grande do Sul mostra sua grandeza para todo o planeta.
🙎😞😨😩😭😑😠