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quarta-feira, 2 de junho de 2021

Jornal histórico


            A imprensa da cidade do Rio Grande tem uma longevidade que recua ao ano de 1832. Dezenas de periódicos são fontes para o estudo da história local, regional e nacional. Processos políticos, econômicos, sociais, culturais, literários, artísticos etc são desveláveis com o olhar crítico para estes periódicos. Em relação a outros jornais de existência efêmera, restou apenas a referência em outras publicações sobre a sua circulação em algum momento do passado.

            Um destes jornais “quase esquecidos” é “O Especulador” que circulou em Rio Grande no ano de 1868. O exemplar solitário está na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro com data de 6 de julho de 1868. A qualidade de impressão é precária (dificultando a visualização) mas o achado merece ser divulgado nesta coluna. O exemplar é o número 10 perdurando até número desconhecido. O jornal é um periódico literário, noticioso e comercial. O momento histórico não é dos mais positivos para a sobrevivência, pois, a Guerra do Paraguai já está em seu terceiro ano e perduraria até 1870, provocando uma crise econômica e uma redução das atividades portuárias. A economia da cidade do Rio Grande era dinamizada pelo Porto e seu comércio de exportação e importação. A sobrevivência da imprensa, através das assinaturas e anúncios, ficava comprometida com a queda na circulação marítima.

            Através do Especulador é possível trazer um pouco do cotidiano de 150 anos atrás da cidade cercada pelas trincheiras de defesa e com circulação de navios de guerra que levavam homens para o front de combate no território paraguaio. Num breve apanhado o jornal enfatizava que: a mendicidade era cada vez maior na cidade e estava sendo explorada por “sanguessugas” que viraram profissionais; fazia referência à chegada e saída de vapores para o Rio de Janeiro e para Porto Alegre, ou seja, o olhar histórico voltado ao Oceano Atlântico e a Lagoa dos Patos; trazia notícias sobre as atividades teatrais no Sete de Setembro e publicava romances no formato de folhetins- autores internacionais e nacionais que eram publicados em capítulos e que era uma forma de vender os jornais na expectativa de continuar a leitura no próximo número; fazia referência à grave crise econômica no Porto de Montevidéu em decorrência da Guerra; fortes chuvas que alagavam as ruas e dificultavam o deslocamento; avisos marítimos; leilões de produtos importados; denúncia de falcatruas e contrabando de charque etc.

            Os olhares dos habitantes (comerciantes, estivadores, escravos, trabalhadores em geral) estão voltados à movimentação portuária e aos campos de combate no Paraguai, os maiores combates terrestres da história da América do Sul estavam ocorrendo ao longo deste ano.  












Fonte: https://historiaehistoriografiadors.blogspot.com/



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