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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Adolescendo , no limite das palavras.

           


          Remexendo mais uma vez nas páginas datilografadas do original de "No limite das palavras", primeiro livro escrito (mas não publicado)  por esse que voz fala, na década de oitenta, escolhi esse fragmento. É logo do início e dá a tônica do que ocupava os meus pensamentos na época. Válido como registro histórico.


          Como os seus pais pertenciam a um Movimento Familiar da Igreja Católica, tal igreja, certo dia, endereçou-lhe uma carta convidando-o a conhecer um tal Grupo de Jovens, filhos de casais do Movimento. Não se entusiasmou muito, mas a mensagem transcrita na carta chamou a sua atenção:

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          É claro que estou inseguro. Tenho um turbilhão de ideias nova e sensações novas. Estou descobrindo um imenso mundo dentro e fora de mim. Fico horas e horas olhando, meditando, escrevendo. É bacana ser gente. É bacana sonhar. Sonho, suspiro, desejo ser feliz. Há uma força dentro de mim que às vezes eu não entendo.. Tenho a sensação de que está tudo ruim. Se estou em casa quero estar fora; se estou fora quero estar em casa. Penso que tal lugar é bom. Experimento-o, sinto um vazio. Vou ter com tais pessoas. Acho que vai ser legal. Não demora muito, quero sair dali. Isso me dilacera.. E por estranho que pareça, é muito bacana sentir e curtir tudo isto::... Querer ser o que ainda não sou (adulto); ser o que não mais quero ser (criança); ser simplesmente o que sou: Jovem.

            ... Parei....

                ...Gozado...

           O dia que eu conseguir entender tudo da vida, talvez não tenha mais ânsia de viver...

          Viver a vida não é simplesmente olhá-la mas lutar por ela. Querer descobri-la mesmo sabendo que é impossível.

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          A carta encerrava com algo do tipo: "Nós também pensamos assim, venha trocar ideias com a gente no dia tal do mês tal". Tudo o que fez, no entanto, foi recortar da folha o trecho acima transcrito.

          

 

                             


           

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