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sábado, 17 de dezembro de 2022

Comentário sobre o Evangelho de Tomé



 

Eles lhe disseram:: Diga-nos quem você é e então creremos em você. Ele replicou: Vocês analisam a aparência do céu e da terra, mas não reconhecem o que está na frente de vocês e não reconhecem a natureza do tempo presente.

          Aqueles que acham o Evangelho de Tomé interessante frequentemente se surpreendem porque ele não figura na Bíblia ao lado dos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Infelizmente, não existe uma boa resposta para essa questão porque nós não sabemos como os evangelhos canônicos foram selecionados, em primeiro lugar. Ao redor do ano 180 d.C, Irineu, bispo de Lion, hoje cidade francesa, argumentou que deveriam figurar somente os quatro evangelhos do Novo Testamento na coleção oficial da igreja. Presumiu que seus ortodoxos leitores estavam já bem conscientes de que existiam quatro e somente quatro. Mas como a decisão por quatro e não por três ou cinco foi tomada, não sabemos. Alguém pode presumir que Tomé foi deliberadamente excluído dos cânones da escritura porque não temos ideia se aqueles que decidiram pelos quatro canônicos tinham alguma vez ouvido falar dele. Ele pode ter circulado nas igrejas orientais, da Síria ao Egito, e permanecido quase desconhecido das igrejas do Ocidente.

    O Evangelho de Tomé parece a princípio somente uma coleção esporádica de ensinamentos desconexos. Mas o exame desses ensinamentos, um por um, pode levar a uma visão abrangente do que os compiladores do texto pretenderam comunicar. Deve ser lido cuidadosamente, ensinamento por ensinamento, e a pessoa deve permitir-se compreender sua construção total gradualmente. Se isso é feito com sucesso, com a correta interpretação dos ensinamentos de Tomé, então, o texto promete que a pessoa "não experimentará a morte'.


Do livro "Um passeio com Quatro Guias Espirituais", de Andrew Harvey

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