O comentário à seguir, escrevi lá pelo final da década de noventa e faz parte de um livro que não cheguei a lançar. Hoje, sob os holofotes do blog, é dia de tornar público um material ainda inédito. Achem ou não pretensioso da minha parte, aqui vai mais um pouco de teologia.
(...) O ápice que atingem á nivel de organização administrativa dá-se precisamente no reinado do rei Benjamin (130 à 121 a.C), governante de grande percepção e sólido caráter. Merece destaque todo especial a lei , promulgada por ele, que institui a liberdade religiosa em toda a área de abrangência do seu reino. Todo e qualquer cidadão deveria ser julgado única e exclusivamente pela sua conduta perante a sociedade. Se seus atos realmente causassem prejuízo à ordem e progresso estabelecidos, aí sim, era proferida alguma sentença à ele. Mesmo sendo um monarca convicto em sua religiosidade, não empenhava-se em obstruir as outras crenças existentes. A sua justiça não fazia acepção de pessoas. Para punir assassinatos, pilhagens, roubos e farsas, procedia imparcialmente e de maneira equilibrada, em proporção à infração cometida.
"Acreditai em Deus; acreditai que ele existe e que criou todas as coisas, tanto no céu como na Terra; acreditai que o homem não compreende todas as coisas que o Senhor pode compreender."
Logo após término do reinado de Benjamim foram descobertos indícios de uma outra civilização, já extinta. O enigma só foi decifrado quando finalmente traduziu-se os registros que haviam sido encontrados, junto aos escombros de uma cidade perdida.
“Ora, depois de Mosias haver terminado a tradução desses registros, eis que continham a história do povo que fora destruído, desde a época de sua destruição e remontado à construção da grande torre, quando o Senhor confundiu a língua do povo e este foi disperso sobre a face de toda a terra; sim, e também desde aquela época até a criação de Adão.”
“Pois havia um certo Gadiânton, que era sobremaneira hábil no falar e também muito astuto para levar a efeito planos secretos de assassinatos e pilhagens; portanto, se tornou o chefe do bando de Quiscúmen. Por conseguinte, lisonjeando-os e também lisonjeando Quiscúmen, prometera conceder áqueles que pertenciam ao seu bando poder e autoridade sobre o povo, se eles o colocassem na cadeira de juiz (...)”“(…) Eis, porém, que Satanás incitou de tal modo o coração da maioria dos nefitas que eles se uniram a esse bando de ladrões, participando de seus convênios e seus juramentos de que se protegeriam e preservariam mutuamente em quaisquer circunstâncias difíceis em que se encontrassem, para não serem castigados por seus assassinatos e suas pilhagens e seus roubos. E aconteceu que tinham seus sinais, sim, seus sinais secretos e suas palavras secretas; e isto para que pudessem reconhecer um irmão que tivesse entrado no convênio, para que qualquer que fosse a iniquidade cometida por ele, não fosse prejudicado pelos irmãos nem por qualquer dos que pertencessem a seu bando e que tivesse feito esse convênio. E assim podiam matar e saquear e roubar e entregar-se à luxúria e a toda sorte de iniquidades contrárias às leis de seus pais e também às leis de seu Deus. E quem quer que pertencesse a seu bando e revelasse ao mundo suas iniquidades e suas abominações seria julgado, não de acordo com as leis de seu país, mas segundo as leis de sua iniquidade, que haviam sido instituídas por Gadiânton e Quiscúmen”.
Entre os ladrões comandados por Gadiânton existia uma espécie de ligação mística que garantia a longevidade ao bando.O Livro de Mórmon pode ser considerado, na pior das hipóteses, um valioso código de moral, e tudo que exorta os homens à prática da virtude deve ser considerado útil. Existem se olharmos com rigor literário, algumas limitações quanto a forma da narrativa, mas isso os próprios autores explicam:
“E eu disse-lhe: Senhor, os gentios farão zombaria destas coisas, em virtude de nossa deficiência na escrita; pois, Senhor, tu nos fizeste poderosos na palavra pela fé, mas não nos fizestes poderosos na escrita; pois fizeste com que todo este povo muito pudesse falar, por causa do Espírito Santos que lhe deste.(…)
“(…) Tu também fizeste nossas palavras poderosas e fortes, a ponto de não as podermos escrever; portanto, quanto escrevemos, observamos nossa fraqueza e tropeçamos por causa da colocação de nossas palavras; e eu temo que os gentios zombem de nossas palavras.”
Um comentário:
Gracias por la reseña.
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