O movimento militar que em 1964 depôs o presidente João Goulart ocupou o poder máximo da Nação por 21 anos, a mais longa ditadura da história do Brasil. Uma época agitada, marcada pela forte oposição ao regime que governava o país e por uma igualmente forte repressão aos opositores. Censura nos meios de comunicação, tortura e cassação de direitos políticos mancharam o período. Nos planos econômico e social, foram os anos do Milagre Brasileiro, da Copa do Mundo de 1970, da rodovia Transamazônica, da ponte Rio-Niterói e, no final do regime, da crescente inflação e do aumento da dívida externa.
Cinco militares ocuparam a Presidência da República no período: os marechais Humberto de Alencar Castello Branco e Arthur da Costa e Silva e os generais Emílio Garrastazu Médici. Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo. Os partidos políticos foram extintos. O bipartidarismo, com a Arena (situação) e o MDB (oposição), e as eleições indiretas para presidente da República, governador e prefeitos das capitais foram adotados ainda no início do governo militar.
A mais drástica e autoritária das medidas do novo regime veio em 13 de dezembro de 1968: o ato institucional nº 5, o AI-5, que permitia ao presidente fechar o Congresso Nacional, dava poderes para suspender a garantia de habeas corpus em caso de crimes políticos contra a segurança nacional, cassava mandatos e suspendia direitos políticos. Sob a sombra do AI-5, os brasileiros viveram o período mais negro da repressão. No outro extremo, viveram também os anos do Milagre Econômico. Na primeira metade da década de 1970, o país experimentou taxas elevadas de crescimento do PIB, interrompidas pela crise internacional de 1974.
Foi no governo Geisel, a partir de 1974, que o autoritarismo do regime começou a ceder. O AI-5 foi revogado, as denúncias de tortura diminuíram, a censura se tornou mais branda. Era o início da abertura política "lenta, gradual e segura", que resultou na anistia política de 1979. No plano econômico, o aumento do preço do petróleo fez a inflação disparar. A crise se agravou no governo Figueiredo, com inflação anual acima de 200%, a maior que o Brasil já havia registrado. Os militares deixaram o poder em 1985, quando Tancredo Neves foi eleito o primeiro presidente civil do país em mais de 20 anos.
Fonte: Jornal "Correio do Povo", 5 de outubro/2005- Edição Comemorativa de 110 anos.