domingo, 25 de maio de 2025

O homem que plantou uma floresta

 


            Arrependo-me profundamente de não ter feito essa homenagem ao fotógrafo  Sebastião Salgado com ele ainda vivo, porém, como dado atenuante, confesso que só  há dois dias atrás, por ocasião do seu falecimento, fiquei sabendo do, talvez, maior legado seu para as futuras gerações. O homem, em companhia da esposa, ao final da década de noventa,  fundou a ONG Instituto Terra, pra recuperar a fazenda onde nasceu.


 ¹Ao visitar suas famílias, o casal não estava preparado para o que encontraria na Fazenda Bulcão. A propriedade onde Salgado cresceu em Aimorés, no interior de Minas Gerais, havia sido completamente degradada pelos pastos: o solo estava árido e exposto.

Onde antes havia rios, sombra e animais, só se via secura. A eventual chuva não trazia alívio, já que provocava uma enxurrada agressiva que arrastava a terra e fazia buracos. Depois de anos vendo e retratando guerras e sofrimento humano, o casal chorou diante da enxurrada na terra natal.

Wanick, comovida, sugeriu ao marido: “vamos plantar uma floresta aqui?”. A ideia mirabolante, que ela considera a melhor de sua vida, se provou cada vez mais complexa.

 “Claro que naquela hora, na minha cabeça, a gente sairia de férias para plantar um bando de árvores. De repente, não era nada disso” contou Wanick em uma entrevista de 2015. “Plantar uma Mata Atlântica é muito difícil, depende de muito tempo, muitas variáveis, muitos fundos e, sobretudo, muita gente para ajudar."

Em um primeiro cálculo, um engenheiro florestal apontou que seriam necessárias 2,5 milhões de árvores para encher os 700 hectares da Fazenda Bulcão. O casal não desistiu: a plantação começou com dez mil mudas em novembro de 1999, data que marca o nascimento do Instituto Terra. (...)



          Em meu próximo post, como não poderia deixar de ser, homenagearei o seu trabalho como fotógrafo, através de uma mostra que me impressionou bastante à época, algumas décadas atrás, quando á assisti, ainda em Rio Grande, minha terra natal. 

   Deixo-vos com o trecho de uma entrevista sua, em 2015 e encerro aqui a primeira parte do meu agradecimento à ele, em nome da consciência ambientalista em nosso planeta.


“Plantar uma árvore é como ter um filho. Tem que tomar conta para ele sobreviver até ser um adulto. Tem que plantar, proteger de formiga, do fogo, das ervas daninhas, do capim. Tem que tomar conta até os cinco anos de idade, aí sim ela é um ser livre." 



 


1- superabril.com.br



9 comentários:

chica disse...

Linda homenagem a esse homem que tanto fez pela natureza! Grande e irreparável perda essa! abraços, chica

Graça Pires disse...

Sebastião Salgado: um fotógrafo excepcional e um cidadão cheio de preocupações com o planeta em que vivemos. Vai fazer falta.
Uma boa semana.
Um beijo.

Fá menor disse...

Muito boa homenagem! Grande e corajoso homem!

J.P. Alexander disse...

Es algo que se debería imitar. Te mando un beso.

Sintra blogue disse...

obrigado. E obrigado também por colocar o meu blogue na sua lista de blogroll. Escusado será dizer que, naturalmente, o seu blog também já se encontra nas minhas listas de blogroll

Luiz Gomes disse...

Bom dia. Uma excelente terça-feira, com muita paz e saúde. Obrigado pela linda homenagem. Tem matérias dele no Blogger. Seu trabalho em Aimorés MG, foi maravilhoso e suas fotografias, maravilhosas.

❦ Cléia Fialho ❦ disse...

Que relato tocante… É impossível não se emocionar com a força silenciosa de quem decide reconstruir, não apenas a terra, mas a esperança.

O legado do Sebastião Salgado vai muito além das imagens poderosas que capturou com sua lente — há uma profundidade que se estende pelas raízes que ele e a esposa devolveram ao solo que os viu nascer. É como se a natureza, por meio de suas mãos, também tivesse encontrado um modo de falar.

A dor de ver a terra arrasada e, ainda assim, transformá-la com paciência e amor… isso é um gesto de grandeza quase poética. Que lição linda de persistência e fé na vida.

Gratidão por compartilhar esse pedaço de história — ele ecoa em todos que ainda acreditam na beleza de cuidar do que é vivo. Que esta memória verde continue a florescer em cada canto do mundo. 🍃💚

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, Cesar, você fez uma ótima homenagem ao grande fotógrafo Sebastião Salgado. Talvez ele tenha sido o último grande fotógrafo do mundo, que deixa sua grande obra à posteridade.
Votos de uma boa semana,
grande abraço.

Tais Luso de Carvalho disse...

Também senti muito sua morte, tudo nele era verdadeiro, fez muito pelo planeta, pelos índios, pela exuberante Natureza
Linda homenagem!
Um bom domingo, Cesar!
Abraços