O quilombo Família Silva está localizado em um bairro de classe média alta de Porto Alegre chamado Três Figueiras e possui um território de 6.510,7808 metros quadrados. Segundo dados do Incra, em junho de 2006, 12 famílias, todas aparentadas entre si, viviam naquela área.
A maioria das mulheres da comunidade trabalha como empregada doméstica nas casas da região. Já os homens costumam trabalhar como vigias e jardineiros ou, ainda, comocaddies no Country Club de Porto Alegre. Os Silva dedicam-se também ao cultivo de árvores frutíferas, ervas medicinais e mudas de plantas para jardins.
A origem do grupo deu-se com a migração dos avós dos atuais moradores da comunidade para Porto Alegre no início dos anos 1940. Foi nesse período que eles se estabeleceram na área onde o quilombo está situado. Naqueles tempos a região era considerada distante da cidade e não atraía moradores abastados.
A partir da década de 1960, porém, tal área passou a se valorizar. A comunidade viu-se então ameaçada de ser expulsa do território que ocupava havia mais de 60 anos pela especulação imobiliária e o preconceito social. A comunidade foi muito assediada por pessoas interessadas em adquirir o terreno. Lígia Maria da Silva, moradora do quilombo, relata como foi a pressão: “Tinha vezes que vinha quatro pessoas por dia dizer que era dona desse terreno. Era a coisa mais triste."
Os quilombolas foram alvo também de ações judiciais movidas por pessoas que alegavam ser proprietárias daquela área. Além disso, as residências de luxo que foram construídas na vizinhança dos Silva não respeitaram os limites do seu território, ocupando indevidamente a área quilombola (CARVALHO, 2004: 153-4).
Essas investidas, porém, não intimidaram os Silva. Apoiados por parceiros como o Instituto de Assessoria às Comunidades Remanescentes de Quilombos, o Movimento Negro Unificado do Rio Grande do Sul, o Ministério Público Federal e a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, os quilombolas se mobilizaram na defesa de seus direitos.
Como resultado dessa luta, a comunidade conseguiu que o
Incra instaurasse em 2004 um processo para titular suas terras. Em março de
2008, o processo já se encontrava em etapa bem avançada, com a identificação do
território concluída e as ações de desapropriação ajuizadas pelo Incra.
Fonte: www.cpisp.org
Um comentário:
Que bom que essas entidades importantes e competentes se uniram em prol dos habitantes. As injustiças seriam bem menores, se assim acontecesse sempre.
Um abraço
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