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domingo, 28 de agosto de 2022

A Ponte- Parte I





        Recebi, recentemente, textos do projeto Clube das Histórias, de Portugal, gostei e compartilho hoje com vocês. Escolhi dois que falam de "ponte" e faço deles uma rampa de travessia pra setembro. Vamo junto.


            Max e Pedro eram alunos do terceiro ano. Moravam em frente um do outro, na mesma rua de uma pequena cidade. Haviam sido grandes amigos, mas, por um motivo qualquer, haviam discutido e passaram a não gostar um do outro.

Quando Max saía da porta do pátio, gritava para o outro lado da rua:

— Idiota! — E mostrava o punho ao ex-amigo.

Pedro respondia:

— E você também é! — E o ameaçava também com o punho.

Os colegas da turma haviam já tentado reconciliá-los por várias vezes, mas todos os esforços haviam sido vãos. Eram os dois muito teimosos! Da última vez, acabaram atirando bolas de lama um ao outro.

Um dia, havia chovido muito. Depois, as nuvens se afastaram e o sol voltou a brilhar, mas a rua ficara inundada. Quem queria atravessar tentava, a medo, medir a profundidade da água com a ponta do pé, e recuava.

Max saiu de casa, parou na frente do pátio e olhou satisfeito à sua volta. Tudo fresco e lavado pela chuva. Como brilhava agora ao sol! De repente, seu rosto se tornou sombrio. Do outro lado da rua, Pedro estava parado à porta de casa. E Max reparou que ele tinha na mão uma grande pedra. “Ah!”, pensou Max. “Pedro vai me atirar uma pedra! Já vai ver!”

Correu novamente em direção ao pátio, procurou um tijolo e voltou para a rua, pronto para se defender. Mas Pedro não lhe atirou a pedra. Se baixou na beira da calçada e a pousou na água com cuidado. Depois, experimentou com o pé para ver se oscilava, e desapareceu.

A pedra ficou parecendo uma pequena ilha.

“Ah!”, pensou Max. “Isso eu também sei fazer!”

E pôs o seu tijolo na água.

Pedro voltou a aparecer, carregando uma segunda pedra. Pôs o pé com cuidado em cima da primeira e colocou a segunda pedra na água, alinhada com o tijolo do seu inimigo. Max trouxe então três tijolos de uma só vez.

E assim foram construindo uma passagem sobre a água.

Dos dois lados da rua, as pessoas os observavam e esperavam.

Por fim, ficou apenas a distância de um passo entre o último tijolo e a última pedra.

Max e Pedro estavam em frente um do outro. Era a primeira vez, desde há muito tempo, que se olhavam novamente nos olhos.

— Tenho uma tartaruga no meu pátio — diz Max. — Quer vir ver?


                

                                                                                                                     N. Oettli

  


2 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Um texto muito interessante.
Abraço, saúde e bom domingo

J.P. Alexander disse...

Genial relato te mando un beso.