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domingo, 14 de maio de 2023

Resenha- A Teia de Charlotte



          Conforme se espera de toda autêntica literatura infantil, “A Teia de Charlotte” cumpre à risca o nobre compromisso de fomentar nobres princípios ao entendimento dos pequenos. O livro é de fácil compreensão pra faixa etária a partir dos oito anos de idade ou talvez um pouco antes e isso sinalizo por experiência própria. Meu filho de nove anos leu a obra logo em seguida de mim e conseguimos, tranquilamente, debater passagens marcantes da fábula.

          A maioria deve conhecer a história através do desenho animado “A menina e o porquinho”,  exibido em TV’s do mundo todo.  A AMIZADE, expressa principalmente através da LEALDADE, a sua mais marcante característica, dá a tônica da narrativa, misturando num mesmo mundo, homens e bichos. Primeiro tem a Fern, que enfrenta a lógica fria da tradição familiar, em defesa do que o seu coração dizia ser justo, colocando-se ostensivamente contra o próprio pai:

“Fern – disse o sr. Arable -, eu sei melhor que você como se deve tratar os porcos. Um    porquinho raquítico dá muito problema. Agora vá embora!

-- Mas não é justo - choramingou Fern. -- Não é culpa do porquinho se ele é pequeno, certo? Se eu fosse muito pequeno quando nasci, você me mataria?

O sr. Arable sorriu. É claro que não – disse ele, olhando para a filha com amor. – Mas é diferente. Uma menininha é uma coisa, um porquinho é outra.”

 


          Depois, quando o porquinho Wilbur foi poupado, graças a Fern, do destino que lhe estava reservado, transferido pra fazenda dos Zuckerman, conhece a Charlotte, aranha que expande no leitor o seu conceito sobre amizade. Assim digo por que o próprio filhote suíno desconfia, á princípio, do inseto que se aproxima pra suprir nele o vazio quase insuportável da solidão. Somente ela, apesar da aparência pouco amigável aos olhos, com suas patas peludas, quem demonstra a sensibilidade necessária e compaixão por alguém em busca de aceitação. Charlotte adota-o em seu coração, abraçando aquela causa como missão de vida, fazendo e desejando coisas boas ao inexperiente amigo. O modo como se expressa para ajudar Wilbur é surpreendente, e nesse ponto o livro alude à importância da palavra escrita como influenciadora de pensamentos. A teia construída  por ela, hábil artesã, serve também de tela para as mensagens a favor da vida, em defesa da compaixão:

“BELO PORCO”. “INCRÍVEL”. “RADIANTE”. “HUMILDE”.

          Assim, despertando simpatia,  salvou o seu protegido do suplício que novamente lhe aguardava em sua condição de mero animal de corte. Esse, aliás, é o tópico que mais me atraiu na obra, a consciência vegetariana que parece inevitavelmente despertar. Em menor ou maior grau, o leitor é conduzido à focalizar sua atenção no outro lado do consumo carnívoro: o das vítimas.

         Os demais personagens da fábula, como tradicionalmente acontece nesse estilo literário infanto-juvenil, são majoritariamente animais e representam caricaturas de tendências e comportamentos humanos. O rato oportunista, o esnobe carneiro, a gansa maternal, são todos esses, tipos comuns que convivemos diariamente e em toda parte. Espelham variados traços psicológicos da espécie mais teoricamente evoluída do planeta.

           Encerro a resenha, que a falta de tempo ou preguiça impediram-me de antes escrever, com as três últimas linhas do livro, que sintetizam grande parte daquilo que aqui propagandeei. Se ainda não o fizeram, não se arrependerão vocês de lê-lo por inteiro.

“Ela era especial. Não é sempre que encontramos alguém que sabe ser amigo de verdade e escrever bem. Charlote sabia as duas coisas."



                                                                Cesar

          

                         

Um comentário:

J.P. Alexander disse...

Es un bello libro. Gracias por la reseña. Te mando un beso.