“A Grande História dos Bharatas”,
como se traduz seu título, é o principal épico religioso da civilização indiana
– e também o maior poema de todos os tempos, com cerca de 200 000 versos. Só
para ter uma idéia, isso equivale a sete vezes a soma da Ilíada com a Odisséia,
os dois épicos atribuídos ao poeta grego Homero que inauguraram a literatura
ocidental. Em sânscrito, bharatas queria dizer originalmente “saqueadores”,
termo que deu nome às tribos arianas que teriam ocupado a Índia em torno de
1700 a.C. (invasão hoje contestada por muitos historiadores). O livro só ganhou
sua forma definitiva no século II d.C., mas acredita-se que a maioria dos
versos foi compilada no século IV a.C. – apesar de serem bem mais antigos na
tradição oral, como quase todos os textos religiosos. A coletânea é creditada
ao sábio Vyasa, personagem mítico considerado o autor de outras escrituras
sagradas do hinduísmo, como os Vedas e os Puranas.
O Mahabharata narra a guerra entre
Pandavas e Karauvas – duas famílias com laços de parentesco muito próximos –
pela posse de um reino no norte da Índia. Os momentos que antecedem o confronto
final, conhecido como Batalha de Kurukshetra (cidade dessa região), compõem o
trecho mais famoso do poema, conhecido como Baghavad Gita (“Canção do Divino
Mestre”). É quando o príncipe Arjuna, em crise de consciência por estar
combatendo amigos e familiares, cogita desistir da luta e entra em diálogo com
o deus Krishna, que o convence que aquela guerra faz parte do destino do seu
povo e não pode ser evitada. A ética do guerreiro é, aliás, uma questão central
no livro, retratando uma época em que as batalhas entre os indianos seguiam
regras surpreendentes nesse sentido: um soldado montado em um elefante, por
exemplo, não podia atacar quem estivesse a pé. Da mesma maneira, um homem que
estivesse fugindo ou tivesse perdido suas armas não podia ser preso, ferido ou
morto.
Os confrontos acabavam rigorosamente
ao pôr-do-sol, pois à noite havia confraternizações entre os soldados de ambos
os lados. Apesar disso, a Batalha de Kurukshetra teria sido uma sangrenta
carnificina da qual, após 18 dias de conflito, teriam restado apenas cinco
sobreviventes para perpetuar a dinastia dos Pandava.
Fonte: super.abril.com
Um comentário:
Isso é conhecimento muito elevado!
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