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sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Libera ou não, eis a questão

 


         
          Um estudo desenvolvido pelo antropólogo Edward MacRae * junto a grupos de indivíduos das camadas médias urbanas formalmente integradas à sociedade, demonstrou que entre os milhares de usuários da cannabis, há os que não são vagabundos e nem excluídos da sociedade. São pessoas comuns, que ajudam o próximo e não fazem mal a quem quer que seja. Você que está lendo deve conhecer algum. A grande polêmica é se um usuário precisa de ajuda e tratamento ou ser punido com prisão.

          Foi pesquisado que entre os que usam, tem de tudo, tem um mundo. Milhares de usuários são trabalhadores, têm suas famílias, são responsáveis, pagam impostos, etc. Há professores, terapeutas, médicos, advogados, policiais, executivos de empresas, esportistas, intelectuais, políticos, artistas, psiquiatras, e vai!

          O maior problema da planta é o tráfico, que financia a criminalidade, o terrorismo. Que movimenta fortunas, aproxima os criminosos e drogas químicas, principalmente dos jovens que buscam, na verdade, estados diferentes de consciência. Há tempos atrás, a sociedade fazia dessas pessoas criminosas. Acabavam sendo criminosos pois burlavam a lei assim como os criminosos que representam perigo para a sociedade. Tudo no mesmo saco!

          Sabe-se que o tráfico existe quando há proibição. Quanto mais aumentam os mecanismos de repressão, mais o tráfico se especializa e cresce. Foi esse o grande exemplo da lei seca americana. Temo que um dia o tráfico se sofistique tanto, se equipe tanto, que tome conta da situação. Os países investem fortunas combatendo o tráfico, estimulados pela lei proibicionista que nega o livre-arbítrio, quando poderiam investir esses valores em educação, saúde e para promover a paz. (...)

          (...) Toda a situação demonstra ainda faltar mais estudos, mais pesquisas, e principalmente mais consciência. Para ter "consciência" é preciso que primeiramente se tenha "ciência", pesquisando, comparando, deixar de lado preconceitos e paixões, e a sociedade ter a coragem de enfrentar paradigmas, fazendo realmente um estudo fito químico e psicológico para ver a verdade e não para satisfazer um ponto de vista. Mostrar o prós e os contras para que possamos orientar melhor nossos jovens. 




Trechos de uma entrevista  do Dr. Elisaldo Carlini, médico psicofarmacologista, publicada no site xamanismo.com.br

* Formado em Psicologia Social pela universidade Sussex, na Inglaterra, onde recebeu o grau de Mestre em Sociologia da América Latina.  No Brasil, fez doutorado em Antropoligia na USP (Universidade de São Paulo).





Um comentário:

J.P. Alexander disse...

Tienes razón mientras tanto la droga hace mucho daño no solo por las adiciones si no por los gros que las distribuyen. Te mando un beso